Morreu Maria Helena da Rocha Pereira

 Formada em Filologia Clássia, a professora foi a primeira mulher doutorada pela Universidade de Coimbra. Morreu aos 91 anos.

Maria Helena da Rocha Pereira, a mais conceituada especialista em Estudos Clássicos do país, morreu esta segunda-feira, avança o Público. A professora foi a primeira mulher doutorada pela Universidade de Coimbra. Morreu aos 91 anos.

A especialista em cultura grega e latina formou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra. Foi bolseira do Instituto de Alta Cultura em Oxford para depois voltar a Coimbra, onde se doutorou, em 1956. Esta foi a casa onde ensinou até se jubilar, em 1995. Escreveu mais de 300 livros e artigos que continuam a ser importantes referências bibliográficas nas universidades. Em 2009, a especialista tornou-se doutora honoris causa pela Universidade de Lisboa.

Nunca casou nem teve filhos. Foi vice-reitora da Universidade de Coimbra, presidente Conselho Científico da Faculdade de Letras, diretora dos Institutos de Arqueologia da Universidade de Coimbra e de Estudos Clássicos desta mesma universidade. Também dirigiu as revistas Humanitas e Biblo.

Interessou-se especialmente pela pintura de vasos durante o período grego. Do estudo desta área resultou «Greek Vases in Portugal» onde a professora indica a descoberta de um novo artista, a que chamou  ‘Pintor de Lisboa’.

Deve-se a Maria Helena da Rocha Pereira a tradução para português de a «República» de Platão ou «As Bacantes» de Eurípides, entre outros, como a «Medeia» ou a «Antígona», que traduziu a pedido do grupo de teatro da universidade. Mas não gostava de traduzir, contou em entrevista à jornalista Anabela Mota Ribeiro, em 2003.

 Questionada pela jornalista sobre que palavras escolheria se escrevesse o seu próprio epitáfio, respondeu assim: «Nunca pensei fazer o meu epitáfio! Agora nem se põe! [pausa] Julgo que é inseparável o gosto do magistério e o estudo. Não tenho a noção antiga do suposto sábio na torre de marfim. Um professor que não crie discípulos não é completo. Bem, estamos outra vez no «Fedro» de Platão, quando diz que o livro diz sempre a mesma coisa… O que interessa é o mestre vivo».