Universidade privada faz queixa-crime contra Ordem dos Médicos

Médicos acusam CESPU e Hospital de Vila Real de “fraude” ao aceitarem estágio de um curso “ilegal”.

A instituição privada de ensino superior Cooperativa de Ensino Superior Politécnico (CESPU) vai apresentar uma queixa-crime contra a Ordem dos Médicos (OM).

Em causa está uma denúncia feita pela secção regional do Norte da OM que acusa o centro hospitalar de Vila Real e a CESPU de “fraude” por estarem a realizar “falsos” estágios a alunos que estão a frequentar um curso de Medicina daquela instituição de ensino, que estará a funcionar de forma ilegal.

Isto porque, explica o presidente da secção regional do Norte, António Araújo, o estágio dos alunos que estão a frequentar o curso de Ciências Biomédicas é apenas preparatório para prosseguirem os estudos numa licenciatura de Medicina numa universidade espanhola – situação que é “ilegal” tendo em conta que, “por duas vezes”, terá sido recusada à CESPU a “pretensão de abrir um curso de Medicina em colaboração com uma universidade espanhola por falta de competência e de capacidade formativa” na área, aponta ainda António Araújo.

A instituição de ensino superior classifica a denúncia dos médicos como “falsa e difamatória” e decidiu avançar judicialmente contra a Ordem dos Médicos. Além disso, a CESPU fez saber que vai solicitar a intervenção dos ministérios da Saúde e do Ensino Superior para esclarecer as “evidentes falsidades”.

A CESPU diz ainda que “nunca submeteu à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) autorização para abertura de um curso de Medicina em parceria com uma universidade espanhola. “Os licenciados em Ciências Biomédicas que continuam os seus estudos numa outra universidade, portuguesa ou espanhola, passam a ser alunos dessa universidade”, sustenta ainda a instituição.

Apesar de não ter pedido para abrir um curso em parceria com uma universidade espanhola, a A3ES está a avaliar uma proposta entregue pela CESPU no ano passado para abrir uma licenciatura em Medicina.

Desde 2004 que a instituição de ensino superior tem vindo a tentar abrir o curso, mas este tem sido sempre chumbado, disse ao i o presidente da A3ES, Alberto Amaral. A resposta será conhecida entre maio e junho e os estágios dos alunos seriam realizados nos centros hospitalares de Vila Real e Trás-os-Montes e do Tâmega e Sousa, para assegurar a formação clínica.