França. Barack Obama apoia Macron na reta final das eleições

Obama afirmou que as eleições francesas são muito importantes para o mundo, um dia depois do confronto televisivo entre os dois candidatos

Vamos por partes: o debate de terça-feira entre os dois candidatos terá contentado os eleitorados de ambos, com Emmanuel Macron a mostrar maior domínio dos dossiês e a candidata da Frente Nacional a conseguir o maior número de soundbites.

Apesar de as sondagens aos telespetadores darem uma vitória, no debate televisivo, ao candidato centrista, Marine Le Pen conseguiu imprimir o tom do debate e fazer uma certa “trumperização” do combate televisivo.

“Eu sou a candidata do poder de compra, você é o candidato do poder de comprar”, “A França será dirigida por uma mulher, ou por mim ou por Angela Merkel”, “Você é a França submissa” [num piscar de olho ao eleitorado de extrema-esquerda de Mélenchon e da França Insubmissa], “Você está de joelhos perante a UOIF [organização de muçulmanos franceses], perante os bancos e perante a Alemanha”, “Na minha visão do mundo, nem tudo é para comprar e para vender” foram algumas frases de Le Pen que foram pontuando o debate e a prestação da candidata da extrema-direita. Perante esta tempestade de soundbites, Macron foi corrigindo dados económicos, enganos factuais e simplificações de Marine Le Pen, chegando a mostrar muita exasperação e irritação com ela, nomeadamente quando a candidata da Frente Nacional insinuou que Macron tinha dinheiro escondido em contas offshore no estrangeiro.

Na parte económica, o ex-ministro dessa pasta jogou os seus trunfos: Emmanuel Macron acha que “madame Le Pen” – como fez questão de lhe chamar ao longo de todo o debate – não está a contar aos eleitores toda a história de uma saída do euro.

“As empresas vão continuar a pagar aos fornecedores europeus em euros, e em francos aos trabalhadores. Como é que isso vai funcionar?”, começou por questionar Macron, frisando que a França é um país “aberto” onde muitas das empresas têm relações comerciais importantes que se estabelecem na zona da moeda única.

Marine Le Pen começou por dizer que isso foi assim no tempo do ECU – a moeda que antecedeu o euro –, mas Macron lembrou que essa moeda serviu sempre apenas como referência, e não para transações comerciais.

Le Pen continuou com a defesa de que os outros países voltariam às suas moedas. “Vai decidir pelos outros?”, questionou Macron.

Muitos dos especialistas em ciência política e em marketing político, consultados pela comunicação social francesa, sublinham que estes debates, salvo se correrem desastrosamente, tendem apenas a fixar os votos dos respetivos eleitorados.

Um apoio dos EUA

Depois de conseguir o apoio do antigo ministro das Finanças grego Varoufakis e do ministro das Finanças alemão, Schäuble, foi a vez de Barack Obama aparecer num curto vídeo, no Twitter de Macron, a apoiar o candidato centrista.

“Devido à importância destas eleições, quero que saibam que apoio Emmanuel Macron”, disse Obama num vídeo com mais de um minuto que o candidato do En Marche! colocou nas redes sociais, sob o título: “A esperança está em marcha, obrigado @Barack Obama.”

O atual ocupante da Casa Branca, que anunciou ontem ir visitar Jerusalém, a Arábia Saudita e o Vaticano, os três sítios das religiões monoteístas, não declarou apoio público a nenhum candidato, embora tivesse deixado entender a sua preferência por Marine Le Pen, ao dizer que é uma candidata muito forte em relação às questões da imigração, segurança e fronteiras.