“Macron foi ministro durante dois anos e conselheiro político outros dois. A idade, 39, é irrelevante”

Lívia Franco e Nuno Garoupa falam ao SOL sobre o futuro do presidente francês depois das eleições parlamentares, dentro de um mês

Lívia Franco, professora universitária no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, salientou a importância das eleições legislativas que se seguem às presidenciais. “Macron, como reformista, só poderá apresentar reformas com apoio parlamentar”, disse ao i.

Nesse sentido, a académica levanta a questão: “Será possível em seis semanas o En Marche garantir uma maioria absoluta, sendo um partido apenas com um ano?”.

O movimento/partido de Macron só apresentouu, até agora, 14 dos 577 candidatos necessários, mas a professora lembra que “agora que ganhou, os ambiciosos do PS e dos Republicanos vão querer estar com ele”.

Na provável hipótese de o movimento de Macron não conseguir maioria absoluta no parlamento, Lívia Franco nota que o novo presidente está politicamente "mais próximo do Partido Socialista Francês". "Conseguiu que Manuel Valls, antigo primeiro-ministro", recorda também. "O programa de Macron é liberal do ponto de vista da economia, mas também tem algumas preocupações sociais em que a direita não se revê". 

"Sem uma maioria absoluta, pode procurar maiorias 'a la carte' e para isso precisará de uma "maioria forte", no sentido em que não se deve descartar um "possível bom resultado da extrema-esquerda e da extrema-direita que venha desestabilizar o parlamento". 

O facto de esta ter sido a primeira eleição do novo presidente não será um entrave. “Foi ministro 2 anos, conselheiro político outros dois. É um homem bem preparado. Ter 39 anos é irrelevante”. 

Nuno Garoupa, também professor universitário e antigo presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, é um pouco mais cínico na avaliação do presidente-eleito: "Um Hollande 2.0.; não terá maioria em junho nas eleições legislativas e isso poderá gerar uma 'geringonça francesa'". 

Para o académico português, a grande questão depois do resultado de hoje, para as eleições parlamentares, é: "A direita republicana e a Frente Nacional vão entender-se finalmente?".

Garoupa deixa mesmo um cenário: "Teremos em 2022 um Presidente dos republicanos e a Marion Le Pen, a sobrinha, primeiro-ministro?".

A derrota doce de Le Pen, com um resultado dentro da sua expectativa pessoal mesmo que derrotada, advém nova eleição perigosa. Ultimamente, todas parecem assim.