‘Conseguiste!’: o elogio de Francisco

A visita da Sua Santidade o Papa Francisco a Portugal continua bem viva no coração dos portugueses. 

Foi um acontecimento maravilhoso que irá ficar na História como um marco importante e inesquecível na vida dos povos e contribuirá para «reforçar a ligação histórica de Fátima aos Papas» – como referiu sua eminência o cardeal-patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, falando na qualidade de presidente da Conferência Episcopal. Com a simplicidade que se lhe reconhece, Francisco apresentou-se em Fátima não só para presidir às comemorações do centenário das aparições e à canonização dos pastorinhos, mas essencialmente «aos pés da Virgem Mãe como peregrino da esperança e da paz», conforme fez questão de sublinhar.
Neste contexto, o Papa Francisco mostrou-se tal como é: um homem simples, que dispensa luxos, quebrando protocolos ao fazer o percurso do Santuário à Capelinha a pé para estar mais próximo das pessoas e poder sentir o calor humano da população (apesar de alguns sinais de cansaço que aqui e além deixou transparecer), sempre preocupado com os mais desfavorecidos e passando a sua mensagem de forma acessível a toda a gente, acompanhada de um sorriso franco e cativante.

Como peregrino, no meio de tantos milhares que encheram por completo o Santuário e locais anexos, ficou-me na memória aquela sua expressão «Temos Mãe», lembrando que podemos contar sempre com Maria neste nosso peregrinar a caminho da casa do Pai.

Soube-se, porém, mais tarde, através do próprio, que no momento da despedida o Papa Francisco terá dito ao bispo de Leiria-Fátima uma palavra final que tudo resume: «Conseguiste!». Ao fazer essa afirmação, o Papa estava automaticamente a reconhecer que os objetivos tinham sido plenamente atingidos e todo o seu trabalho recompensado. E tem muita razão ao elogiá-lo – pois, como anfitrião, Dom António Marto está de parabéns. Fundamentalmente por três motivos: pela vinda do Papa (durante dois dias), pela magnífica organização do evento e pelo teor das intervenções. 
De facto, Dom António Marto bem contribuiu (e a ele o devemos, julgo que em grande parte) para o Papa ter ficado dois dias entre nós, uma vez que, nas deslocações na Europa, não é costume ficar mais do que um dia. 

Em 13 de outubro passado, na peregrinação anual presidida por sua eminência o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, Dom António Marto ter-se-á empenhado no sentido de que ele transmitisse a Sua Santidade o gosto que os portugueses teriam de o receber em Fátima por mais algum tempo, e a importância que teria para nós tê-lo connosco nos dois dias cruciais, esforço este desconhecido para a maioria das pessoas. E conseguiu!
Depois a excelente preparação deste complexo acontecimento. Apesar de não ser só dele a responsabilidade de toda a organização, por haver várias equipas no terreno trabalhando para o mesmo fim, era sobre ele, como dono da casa, que recaía direta ou indiretamente o peso do desfecho final daquilo que viesse a acontecer. E aqui é da mais elementar justiça destacar a atuação das forças de segurança, que não se pouparam a esforços para que nada faltasse e a população se sentisse segura e confiante nestes tempos de incerteza que estamos a viver. Em nome de todos os peregrinos, o nosso muito obrigado! Por isso, no capítulo ‘organização’, nada podia ter corrido melhor. E também aí Dom António Marto conseguiu!

Finalmente, em toda a sua atuação, desde a chegada de Francisco ao aeroporto, que abraçou de forma calorosa, até à despedida, o bispo de Leiria-Fátima teve sempre razões para sorrir. As suas intervenções foram muito ao encontro do verdadeiro sentir dos peregrinos, sobretudo quando falou «na voz profética do Papa», capaz de «abater muros de separação» e «lançar pontes de encontro entre os homens e os povos», e ainda ser «a voz dos sem voz», não esquecendo as crianças e os pequenitos (a sua imagem de marca) para quem pediu a Francisco uma bênção especial. Nesta área, as expectativas também não foram defraudadas e de novo Dom António Marto conseguiu!
Senhor Dom António: venho felicitá-lo, associando-me ao justo elogio do nosso Papa Francisco. Servindo-me das suas palavras, «foi Graça e Beleza, dom de Deus», mas não é menos verdade que todos nós peregrinos, e não só, temos também para consigo uma dívida de gratidão

Aqui lhe deixo o meu reconhecimento, dedicando-lhe o poema cujo título tem o nome da palavra utilizada por Sua Santidade ao despedir-se, justa recompensa pelo dever cumprido e que, tenho a certeza, não esquecerá jamais.

Conseguiste!

(A Dom António Marto, no Centenário das Aparições de Fátima)

‘Conseguiste!’/Grito de Vitória!
(Diz Francisco e nós todos também)/Ficará gravada na memória/A riqueza que essa obra tem

‘Conseguiste!’ /Vais ficar na história/Por levares nossa nau mais além/Maria deu-te a mão, nossa glória/Pois sabes, como eu, que ‘temos Mãe’!

‘Conseguiste!’/Herói de uma missão/Mostrar ao mundo não ter sido em vão,/Olhámos para ti e tu sorriste…

Foi ‘graça e beleza, Dom de Deus’/Uma bênção para nós, Irmãos teus/E do Céu se ouviu dizer: ‘Conseguiste!’
Fátima, 13-5-2017