BCE. Qualquer redução adicional dos juros fora dos planos para o futuro

Instituição liderada por Mario Draghi prevê mais crescimento e menor inflação para a zona euro. Programa de estímulos é para continuar.

O Banco Central Europeu (BCE) espera mais crescimento e menos inflação, mantém os estímulos e assinala que os juros se vão manter, afastando a possibilidade de qualquer corte adicional.

Em comunicado divulgado após a reunião que decorreu em Talin, na Estónia, o BCE disse que as taxas de juro dos depósitos vão manter-se em -0,40% e as taxas para facilidade permanente de cedência de liquidez permanecem em 0,25%.

O texto refere que o BCE “espera que as taxas de juro diretoras permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de ativos”, mas deixou de assinalar a hipótese de qualquer corte adicional. Na reunião de final de abril, lia-se que “o Conselho do BCE continua a esperar que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais ou em níveis inferiores (…)”.

Esta eliminação da referência à possibilidade de taxas de juro mais baixas está a ser encarada pelos analistas como um primeiro passo do BCE para uma “normalização” futura da política monetária.

No entanto, em conferência de imprensa após a reunião, o presidente do BCE revelou que, para tal, a retoma “ainda tem de se traduzir em dinâmicas mais fortes de inflação” – este indicador foi revisto em baixa –, pelo que os estímulos se mantêm e uma retirada está, para já, fora de discussão.

Previsões

As previsões relativas à inflação são agora de 1,5% em 2017, 1,3% em 2018 e 1,6% em 2019. Em março, a instituição liderada por Mario Draghi tinha previsto uma inflação de 1,7% para 2017, de 1,6% no próximo ano e de 1,7% em 2019.

Em relação ao crescimento, o BCE aponta para uma subida do produto interno bruto (PIB) na zona euro de 1,9% em vez de 1,8%. A previsão para 2018 passou para 1,8% – estava em 1,7% – e a de 2019 subiu para 1,7% em vez de 1,6%.

De acordo com Mario Draghi, a eliminação da possibilidade de baixar os juros decorre, na avaliação dos governadores, de os riscos de deflação na zona euro terem cessado.

“O risco de deflação foi-se de vez”, afirmou o líder do BCE, que salientou a melhoria económica da região e a estabilidade da inflação. Draghi acrescentou que a reunião “não debateu uma normalização” da política monetária.

Medidas

Sobre esta política e no que diz respeito a medidas não convencionais, o BCE confirma que quer manter “as compras líquidas de ativos, ao atual ritmo mensal de 60 mil milhões de euros, até ao final de dezembro de 2017 ou até mais tarde, se necessário”.

O comunicado do BCE revela ainda que “se as perspetivas passarem a ser menos favoráveis ou se as condições financeiras deixarem de ser consistentes com uma evolução no sentido de um ajustamento sustentado da trajetória da inflação, o conselho do BCE está preparado para aumentar o volume e/ou a duração do programa” de estímulos à economia.