Ocrescimento do turismo em Portugal está a contribuir para a criação de novos postos de trabalho. Só neste terceiro trimestre está previsto um aumento de quase 30% nas contratações tanto para a restauração como para a hotelaria, um número representa um aumento de 12% face ao trimestre anterior. As contas são feitas pelo ManpowerGroup Employment Outlook Survey, que explica que esta tendência vai-se refletir em todas as regiões, mas ganha maiores dimensões junto das grandes empresas.
«Os resultados realçam e confirmam as tendências positivas antecipadas no segundo trimestre do ano, com um crescimento ligeiramente superior da criação de emprego e com as grandes empresas a procurarem consolidar e aumentar o volume das suas atividades no mercado Português. Podemos antecipar o crescimento do turismo – setor da restauração e hotelaria – e também o contínuo crescimento do mercado externo», refere Nuno Gameiro, Country Manager da ManpowerGroup Portugal.
Ainda assim, o responsável chama a atenção para as diferenças que existem nas várias regiões do país. E as contas são claras: «Se é real que os empregadores nas três regiões (norte, centro e sul) antecipam um aumento da contratação durante os próximos três meses, a verdade é que as melhores perspetivas são as dos empregadores a sul, que projetam uma criação líquida de emprego de 21%», acrescentando ainda que, tanto no centro como no norte é antecipado um aumento otimista de 11% e 10%, respetivamente.
Já em relação ao trimestre anterior, a maior evolução irá verificar-se no sul, com uma subida de nove pontos percentuais. Por outro lado, na região centro, a melhoria será de dois pontos percentuais, enquanto no norte não se esperam alterações.
As projeções para a criação líquida de emprego apontam ainda para um crescimento maior, de 21%, nas grandes empresas e um crescimento estável de 14% e 13%, respetivamente nas pequenas e nas médias empresas. As microempresas também preveem crescimento, embora mais baixo, de 8%.
O que é certo é que esse crescimento do emprego já tem vindo a refletir-se de forma significativa na restauração nos últimos meses. Não só devido ao crescimento do turismo, mas também devido à redução do IVA de 23 para 13%. Segundo os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), a criação de postos de trabalho na restauração está acima da média da economia, mas ainda assim, abaixo de outros setores, como o alojamento, o imobiliário ou os transportes.
Entre julho do ano passado e março deste ano foram criados mais 9.700 empregos no setor – que registou até no último trimestre de 2016 e no primeiro trimestre de 2017 um dos maiores crescimentos homólogos dos últimos anos (de 13,1% e 15,%%, respetivamente).
De acordo com as contas da AHRESP, a área da restauração e da hotelaria criou só no primeiro trimestre deste ano mais cerca de 40 mil postos de trabalho face a igual período do ano passado e o setor representou mais de 27% do total de emprego que foi criado no primeiro trimestre do ano, revelou ao SOL Pedro Carvalho, diretor do departamento de investigação, planeamento e estudos da associação.
Novas ofertas de alojamento
Este crescimento poderá ainda ser mais significativo quando se verificar a abertura dos novos hotéis que estão previstos até ao final do ano. Segundo a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) deverão abrir até ao final de 2017 perto de 40 unidades hoteleiras no país, além das cerca de 11 remodelações e reaberturas.
A região norte e Lisboa vão ser os principais focos do investimento dos grupos hoteleiros. Só em 2016 abriram 75 estabelecimentos, num total de 6620 quartos de hotel. No final do ano, a AHP quantificava 1238 hotéis. Até 2019, a associação acredita que Portugal deverá ter 70 novos hotéis, acrescentando à oferta atual cerca de 5600 quartos.
Também as previsões da consultora Cushman & Wakefield vão de encontro às contas da AHP. Até 2018 Portugal deverá receber mais 75 novos hotéis, representando um aumento da oferta na ordem dos 5600 quartos. De acordo com o seu estudo, a maioria das unidades hoteleiras (42%) irá nascer na zona de Lisboa. O Algarve irá receber 18% da nova oferta e o Porto 14%, seguidos da região Centro, com 11%, e da Madeira, com 6%. O Alentejo receberá 2% dos novos hotéis e os Açores 1%. A maioria (83%) terá entre quatro e cinco estrelas.
Mais turistas
A fórmula é simples: com o número de turistas a aumentar é preciso ter oferta em termos de alojamento para dar resposta. Se 2016 já tinha sido um ano de recordes, os primeiros quatro meses de 2017 já revelam um crescimento ainda mais acentuado.
E os números falam por si: o nosso país recebeu até abril mais de 5,3 milhões de turistas, o que representa um aumento de 10,9% face ao ano passado. E os proveitos dos hotéis somaram 714,8 milhões de euros, mais 18,7%, revelam os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A verdade é que em abril o turismo sentiu o efeito Páscoa, com o número de hóspedes a disparar 20% face a março, ou seja, a maior subida mensal de sempre. Mas tudo indica que estes números são para se manter, uma vez que, em maio é a vez do setor sentir o impacto da visita do Papa Francisco.