Paris. Olhar o céu

Paris é por estes dias a capital mundial da aviação. O ‘International Paris Air Show’, que se realiza de dois em dois anos, é o maior evento de aeronáutica e espaço do mundo. A inovação é uma das principais características de uma indústria em crescimento. 

Paris. Olhar o céu

O Paris Air Show realizou-se pela primeira vez em 1909, no Grand Palais, e tem lugar durante uma semana a cada dois anos. Nesta sua 52.ª edição, que decorre até amanhã, o aeroporto Le Bourget, a norte de Paris, é o local  do maior evento de aeronáutica do mundo que reúne todos os players da indústria – além de atrair milhares de espetadores. Os primeiros quatro dias são reservados para os profissionais e os últimos três abertos ao público. 

Todos os grandes países que trabalham na aeronáutica estão presentes. Os EUA têm a maior representação, com 350 empresas, enquanto o número de companhia chinesas subiu 30% por comparação com 2015. O presidente francês Emmanuel Macron chegou para a inauguração oficial num Airbus A400M, um avião militar de transporte de passageiros. Os aviões militares são, aliás, uma parte fundamental do certame e as exibições das aeronaves supersónicas de combate atraem multidões – principalemente para ver as novidades. Por exemplo, a nova geração do avião de combate norte-americano, Lockheed Martin’s F-35A, faz os primeiros voos de demonstração durante o certame. Além do F-35A, o avião a jato regional da Mitsubihi ou o Kawasaki P-1 de patrulha marítima são aviões que fazem a sua estreia mundial durante o International Paris Air Show. 

A inovação é uma das características do certame, que permite às principais empresas, instituições e startups da indústria mostrar as suas inovações atuais e futuras. O evento permite ainda o intercâmbio de ideias e a coparticipação em experiências de realidade virtual e realidade aumentada. 

Uma outra característica passa pela formação. O certame é uma oportunidade para emprego e desenvolvimento de competências, bem como de atração de jovens para a indústria. Numa altura em que as empresas aeroespaciais estão com dificuldades em contratar trabalhadores para as linhas de produção devido à falta de candidatos, estão a ser divulgadas 20 diferentes profissões relacionadas com a indústria, ao mesmo tempo que há 70 instituições de formação a mostrarem as oportunidades de carreira. 

 

Carros Voadores e Negócios

Mas o International Paris Air Show é também palco para apresentações mais futurísticas, num prazo mais ou menos longínquo. Os carros voadores estão presentes, como o Pegasus 1, um modelo construído pelo empreendedor francês  Jerome Dauffy. Outro destaque é o AeroMobil, capaz de voar a 3048 metros – a altitude de cruzeiro – numa distância de 700 quilómetros. O AeroMobil, subsidiado pelo governo eslovaco com 7 milhões de euros, concorre com visionários como o bilionário cofundador da Google, Larry Page, para ser o pioneiro do carros voadores. Mas são os negócios o principal foco do certame. 

Logo no primeiro dia do International Paris Air Show a norte-americana Boeing revelou o avião de passageiros mais eficiente do mercado mundial da aviação civil, muito competitivo e liderado pela rival europeia Airbus. Apesar do domínio da Boeing e da Airbus na indústria, o duo pólio está a ser desafiado. A concorrência, vinda em especial da China e da Rússia, quer ganhar uma quota importante do mercado no futuro. 

A expectativa é que as encomendas no Paris Air Show fiquem aquém dos mais de 120 mil milhões de euros da edição passada, mas a indústria continua confiante em relação ao futuro. 

O mercado deverá duplicar os próximos 20 anos, com os países  asiáticos a puxarem pelo crescimento. Os números mais recentes apontam para a necessidade de mais 35 mil novos aviões comerciais nas próximas duas décadas, num valor total de mais de 5 biliões de euros.