«Parabéns»

Esta felicitação, escrita num passeio, no Bairro das Colónias, em Lisboa, dá os «parabéns» a alguém, pelo seu aniversário, ou por algo de muito bom que conquistou.

Felicitar alguém pelo seu aniversário é algo que fazemos frequentemente, e ainda mais quando o Facebook nos recorda os aniversários dos «amigos» e nos facilita o contacto com pessoas a quem não telefonaríamos propositadamente para lhes dar os parabéns.

Como recorda Álvaro de Campos: «No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz (…) / Hoje já não faço anos. / Duro. /Somam-se-me dias. /Serei velho quando o for. / Mais nada. / Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!…». O passado, de felicidade que perdura, por vezes, no presente, quando sentimos que os outros se lembram de nós…

No entanto, felicitar os outros por feitos de mérito que tenham alcançado é algo que já nos custa mais um pouco, e que não fazemos tão espontaneamente. Situações há, até, em que o sucesso dos outros implica o nosso insucesso ou a nossa apatia. E, por isso, custa-nos reconhecer, de forma sincera, o seu sucesso.

Assim, esta palavra, escrita em letras enormes no passeio, não passa despercebida, seja pela sua dimensão, seja pela mensagem positiva de felicitações que transmite.

Muitas vezes, ficamos satisfeitos quando alguém consegue algo importante – quando muda para um emprego melhor, quando é promovido, quando recebe um louvor, quando compra um carro maior, quando muda para uma casa maior, quando vai ser pai… Nestes momentos, habitualmente, não nos custa cumprimentá-lo e dizer-lhe que o felicitamos por tal acontecimento.

Porém, em situações mais específicas, e não tão comuns, por vezes, não conseguimos encontrar as palavras certas ou o abraço certo para partilhar com os outros – é o caso, por exemplo, de quando um conhecido nos diz que conseguiu terminar um projeto que o ocupava há algum tempo, quando um vizinho nos diz que vai fazer obras de melhoria em sua casa, ou, mesmo, quando um colega no trabalho nos diz que o filho teve uma excelente nota numa dada disciplina. Nestes momentos, seja pela falta de proximidade com as pessoas, seja pela falta de empatia pelo que nos é contado, acabamos por não conseguir ficar tão satisfeitos e não felicitamos os outros por questões práticas da vida diária, e perante as quais não estamos habituados a reagir com um sentimento de satisfação.

Felicitar os outros, unirmo-nos a eles na sua alegria, é algo que nem todos conseguem fazer ou, pelo menos, não têm o hábito de fazer. Porém, é um hábito que deveria fazer parte do nosso quotidiano, como dizer «obrigado» ou «por favor». É um hábito que só faria bem, tanto a nós próprios como aos outros. A nós próprios, porque nos aproximaria do que de bom existe em nós; aos outros, porque se sentiriam mais acompanhados no que de bom lhes acontece.

E, tal como nem sempre conseguimos dizer «parabéns», também temos alguma dificuldade em pedir desculpa…

Escrito em parceria com o blogue da Letrário, Translation Services