Fábricas da Volkswagen competem entre si

A Volkswagen conta com mais de 50 fábricas em todo o mundo e que competem entre si por uma quota da produção mundial e todos os critérios contam: desde a qualidade à pontualidade, passando por muitos outros fatores. Mas o número é ainda mais alargado se contarmos com as outras marcas do grupo, como a…

A Volkswagen conta com mais de 50 fábricas em todo o mundo e que competem entre si por uma quota da produção mundial e todos os critérios contam: desde a qualidade à pontualidade, passando por muitos outros fatores. Mas o número é ainda mais alargado se contarmos com as outras marcas do grupo, como a Audi, Skoda, Seat ou, até mesmo, a Porsche e aí ultrapassam as 150 unidades. Muitas das unidades estão na Europa (sobretudo na Alemanha) e, inevitavelmente, um número considerável está na China, onde à mão-de-obra barata se juntou nos últimos anos um mercado automóvel em crescimento.

A feroz competição torna real a ameaça de deslocalizar a produção do novo modelo fabricado na fábrica de Palmela, o SUV T-Roc, e assombra o seu futuro. E há quem defenda que parte da produção possa ser desviada para fábricas do grupo VW na Alemanha, caso não seja implementado o novo horário de trabalho.

Jürgen Haase, responsável pelos Recursos Humanos e Produção da Marca, já lembrou que «a Volkswagen investiu aqui muito dinheiro. A fábrica [de Palmela] foi transformada para que possam cumprir o programa de produção exigido. Isso só será possível com um modelo de turnos contínuos. Para tal a produção aos sábados é inevitável».

A marca também é conhecida pelas exigências no seu processo de recrutamento. A fábrica de Palmela, no final do ano passado, contava com 3.295 trabalhadores e, de acordo com a empresa, «os colaboradores da Volkswagen foram recrutados entre mais de 123.000 candidaturas, após um rigoroso processo de seleção». E as contas não ficam por aqui: «Investimos nos últimos anos mais de 7 milhões de horas e formação no posto de trabalho e em sala. Cerca de 1.000 colaboradores tiveram formação no estrangeiro».

As regalias que são dadas aos trabalhadores é outra das vantagens apontadas por quem trabalha para este grupo. A Autoeuropa «é conhecida por disponibilizar frotas aos trabalhadores num raio de 50 quilómetros, ter boas cantinas, em que há sempre a possibilidade de escolher entre três a quatro pratos, bons balneários e até uma lavandaria para os fato macacos», soube o SOL.

Mas há regras a cumprir um pouco por todo o grupo: os trabalhadores assinam um acordo de confidencialidade em que se comprometem a não revelar aquilo que assistem no interior da fábrica. Também as fotografias no interior estão controladas e chegam a ser proibidas nas épocas de lançamentos.

Uma ‘cidade’ dentro de outra

Outra das possibilidades que são dadas aos trabalhadores é a mudança de fábrica de três em três anos e isso é aplicado também à própria administração. Por norma, estas transferências aplicam-se apenas aos quadros intermédios. E há vários casos de portugueses a trabalharem na casa mãe: Wolfsburg, na Alemanha.

Trata-se de uma ‘cidade’ dentro de de outra cidade e graças à Volkswagen tornou-se numa das localidades com um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) per capita da Alemanha, a rondar os 100 mil euros. Ao mesmo tempo apresenta um dos rácios de automóveis mais elevados.

Fundada há mais de 80 anos, a Volkswagen já produziu 150 milhões de veículos com este marco a ser assinalado no passado dia 24 de agosto, com a produção de um Golf GTE azul, que saiu da linha de montagem em Wolfsburg. O portefólio atual da marca inclui mais de 60 modelos.

A Volkswagen AG revelou, no final de julho, que o seu resultado operacional subiu 3,7% no segundo trimestre deste ano para 4,55 mil milhões de euros. As entregas do grupo aumentaram 2%para 2,66 milhões veículos, enquanto a receita de vendas subiu 4,7% para 59,66 mil milhões de euros. O grupo, que se viu envolvido no escândalo de manipulação das emissões que estalou em 2015, já veio afirmar que espera que o segundo semestre do ano seja desafiante, devido à crescente concorrência.

Ainda assim, a empresa espera que as receitas deste ano excedam em mais de 4% os 217 mil milhões de euros registados em 2016. Já as estimativas para a margem EBITDA mantêm-se inalteradas entre 6% e 7%. «Antecipamos desafios particulares resultantes da situação económica, intensa concorrência no mercado, volatilidade da taxa de câmbio e da questão do diesel [processos relacionados com a manipulação das emissões]», afirmou a Volkswagen.