Mónaco-FC Porto. Conceição ganha aposta e dá recital no Principado

Uma exibição de luxo de um FC Porto eficiente e que sabe bem quais as suas maiores qualidades, perante um adversário que é uma sombra da equipa que espantou a Europa na última temporada

Um verdadeiro sonho azul. A exibição do FC Porto no Louis II, palco principal do majestoso Principado do Mónaco, foi absolutamente irrepreensível, em contraste com o desempenho incompreensível dos comandados de Leonardo Jardim. Sérgio Conceição, que em março último tinha saído deste mesmo recinto com uma pesada derrota no bornal (0-4 para a Ligue 1, quando ainda treinava o Nantes), até parecia estar a fazer algo muito em voga nos treinadores portugueses até há uns anos: nos jogos mais complicados da Champions, punham sempre um jogador inesperado para surpreender o adversário. Normalmente, dava mau resultado. Conceição fê-lo ontem, lançando em campo Sérgio Oliveira, que ainda não somava qualquer minuto esta temporada – honestamente, é possível que alguns adeptos do FC Porto nem soubessem mesmo que o médio luso ainda fazia parte do plantel portista.

Mas faz. E Conceição acertou em cheio na surpresa. O número 27 entrou diretamente para o centro do terreno, uns metros à frente de Danilo e outros tantos atrás de Herrera, e o FC Porto ganhou aí a guerra do meio-campo. Depois, foi soltar as asas: Marega pela direita e Brahimi pela esquerda deram água pela barba aos laterais do Mónaco, Sidibé e Jorge, ambos mais conhecidos pela propensão ofensiva do que particularmente pelas qualidades a defender.

outro 3-0 depois de 13 anos

Tirando os primeiros minutos, em que o Mónaco entrou mais mandão e o FC Porto ainda algo expectante – compreensível, tendo em conta o que os monegascos fizeram na época passada, em que atingiram as meias-finais da prova –, os dragões foram melhor equipa em quase todo o resto do encontro. Foi, por isso, sem grande surpresa que chegou o primeiro golo do encontro – e para o FC Porto, pois claro: na sequência de um lançamento lateral de Alex Telles, a bola chega a Marega, que enche o pé para grande defesa de Benaglio; na recarga, o antigo guardião do Nacional faz mais uma defesa estrondosa a remate de Aboubakar, que à segunda consegue finalmente festejar.

O Mónaco carregou então, mas sempre sem objetividade – cenário que se manteve inalterado, mesmo com as entradas de Guido Carrillo e Rony Lopes. O FC Porto continuava a controlar, mesmo sem bola e apesar do recuo q.b., explorando a velocidade dos homens da frente. E foi assim que chegou ao 2-0, numa jogada iniciada por um corte de Herrera, que continuou com Brahimi a lançar a corrida de Marega. O maliano cavalgou pelo flanco direito até servir Aboubakar, que sozinho na cara de Benaglio não perdoou.

Era a loucura dos cerca de 1500 adeptos portistas presentes no Louis II… e não ficou por aqui – apesar das tentativas fugazes do Mónaco, como o remate à trave de Falcao aos 71’. Lançado aos 73’ para refrescar o meio-campo, Layún selou a contagem em cima do minuto 90, numa jogada digna de figurar nas compilações daqueles lances mais engraçados no futebol. Felizmente para as cores portuguesas, acabou com o FC Porto a celebrar golo, depois de quatro tentativas na cara do guarda-redes monegasco.

Treze anos depois, os dragões voltaram a defrontar o Mónaco e o resultado foi o mesmo da final de boa memória em Gelsenkirchen: um 3-0 que ajuda a limpar a má imagem deixada na entrada na prova (1-3 perante o Besiktas), naquela que foi a primeira vitória de sempre de uma equipa portuguesa no Principado. Histórico.

Em Istambul, o Besiktas venceu o RB Leipzig por 2-0, assumindo-se cada vez mais como um fortíssimo candidato a seguir em frente na prova. Talisca, cedido pelo Benfica, voltou a marcar, depois de já o ter feito no Dragão, desta feita respondendo de cabeça a um cruzamento sublime – de trivela, pois então – de Ricardo Quaresma, que continua a maravilhar por essa Europa fora. Pepe também foi titular no conjunto turco, enquanto Bruma entrou aos 59’ nos alemães.

ronaldo mais dez

Nos outros jogos da noite, destaque para mais um show de Cristiano Ronaldo ao serviço do Real Madrid. O CR7 bisou na vitória dos merengues em Dortmund (1-3), em mais dois golos que demonstram por que é, de facto, o melhor avançado da atualidade. No mesmo grupo (H), realce também para o hat-trick de Harry Kane no triunfo do Tottenham em casa do APOEL, conjunto cipriota capitaneado pelo português Nuno Morais.

Num duelo “lusitano”, apitado por Jorge Sousa, o Manchester City de Bernardo Silva venceu o Shakhtar Donetsk, orientado por Paulo Fonseca, por 2-0, com o internacional português a fazer a assistência para o segundo golo dos Citizens, apontado por Sterling. O Nápoles, por seu lado, bateu o Feyenoord (3-1) e somou os primeiros pontos na prova.