Heidi Klum: ‘A falta de confiança pode fazer com que um vestido de noite pareça um saco de batatas’

Já é possível comprar peças ousadas de moda num supermercado. A modelo, apresentadora e emrpesária alemã aceitou o desafio do Lidl para desenhar uma coleção low cost – algo que considera uma “ideia genial”. 

A novidade era falada há semanas. Começou como um burburinho mais discretos nos principais blogues de moda até à confirmação de que esta dupla improvável era, de facto, real: Heidi Klum e Lidl. A modelo e apresentadora alemã desenhou uma coleção de roupa para a cadeia da sua terra, que foi posta esta semana à venda.

E se ‘na moda, um dia estás in, no outro estás out’, será que comprar a roupa ao lado dos iogurtes significa que estamos definitivamente out? A resposta chegou-nos da própria Heidi Klum por email – não, não estamos.

Ficou surpreendida quando recebeu um convite do Lidl para desenhar uma coleção de roupas?

Estou muito entusiasmada por trabalhar com o Lidl. Eles já são muito conhecidos em qualquer parte do mundo como um sítio onde se podem comprar mercearias e outros produtos de primeira necessidade… Têm dez mil lojas em 28 países! Com tantas lojas, o Lidl está apto para oferecer peças com preços acessíveis mas sem comprometer a qualidade. Abordaram-me e esta é uma ideia genial, assumo, por que eles estavam à espera de agora tornarem as suas lojas num destino em que as pessoas vão também comprar roupa com certas características. A equipa do Lidl quis mesmo agitar as coisas ao introduzir estas peças ousadas e de alta qualidade que ficam fantásticas em mulheres de todos os tamanhos e feitios.

Como foi o processo de criação? Desenhou a coleção sozinha?

Estou na indústria da moda há 25 anos e por isso tive a sorte de ver como tudo isto funciona, desde o processo de desenho, à manufatura e ao retalho. Percebo detalhes por detrás das coleções. Contundo, e em primeiro lugar, sou uma mulher, por isso quando desenho está sempre uma pergunta na minha cabeça: ‘Usaria isto?’. ‘A minha melhor amiga usaria isto?’. Quero que todas as mulheres sintam que desenhei as peças para elas. Gostei muito que o Lidl não me tivesse imposto quaisquer limitações e que tenham deixado que a minha imaginação enlouquecesse!

Quais são as suas peças preferidas?

Todos os produtos são os meus bebés. Verdadeiramente, é muito difícil escolher uma delas. Tenho um armário cheio de jeans mas, acreditem em mim, os da minha coleção são os meus preferidos. Demorámos dias a afiná-los antes de ficar satisfeita, porque precisava que ficassem perfeitos desde o 34 ao 44. E ficaram com um toque e uma forma incríveis. Estou muito feliz com os resultados. E com o facto de custarem cerca de 15 euros, ainda é uma loucura para mim uma vez que vestem tão bem como outros jeans de designer que já usei e que custam vinte vezes mais. E, claro, o bomber jacket brilhante e o casaco de pele. 

O que acha da ideia de comprar maçãs e roupas no mesmo sítio e ao mesmo tempo?

Penso que é definitivamente um novo conceito e, no final do dia, é sempre sobre as roupas e se as mulheres gostam do que desenhei ou não. Imagino sempre as mulheres no supermercado a comprar as mercearias, o pão, a fruta e os vegetais e de repente são surpresas com a minha secção no meio da loja coleção e pensam ‘Uau, gosto disto! Vou experimentar’. Todos os dias as mulheres já desempenham tantas tarefas e fazem tantas coisas, como levar os filhos à escola, trabalhar no escritório ou ter de cuidar da casa, que quase não têm tempo para si próprias. Por isso é perfeito teres uma loja onde tanto podes comprar comida como grandes peças de roupa.

Do que mais gosta na indústria da moda?

Quando comecei a carreira, havia uma fronteira mais clara entre a indústria da moda e a indústria do entretenimento. Ou eras modelo ou eras atriz: as modelo apareciam nas capas das revistas e só uma atriz podia ter um papel num filme. Era uma raridade ter alguém a fazer as duas coisas. Agora essa linha está mais esbatida e qualquer um pode fazer aquilo de que gosta. Como eu: não faço só trabalhos como modelo – também desenhei a minha coleção para o Lidl. Tudo o que possa facilitar a vida de uma mulher é uma mais-valia e fico muito contente se puder participar nisso. É muito prático se pudermos encontrar roupas bonitas a preços acessíveis enquanto fizermos as compras para a casa. A moda deve ser divertida e toda a gente devia poder ter acesso a este prazer.

Acha que a expressão ‘ditadura da moda’ ainda faz sentido?

Todos temos gostos e estilos diferentes, a única pessoa que temos de fazer felizes somos nós próprias. Não me importa o que poderão dizer sobre mim quando escolho um vestido. Todas as mulheres deviam pensar assim – não temos de agradar aos outros; vais ao roupeiro, vestes-te e se as roupas te fizerem sentir bem vais ter um grande dia. Por isso esqueçam os uniformes e as regras. Apanhem as coisas que se ajustam à vossa personalidade e ao vosso estado de espírito. 

‘Low cost’ e ‘Heidi Klum’ são palavras que fazem sentido juntas?

Acho que a única regra é vestir peças de roupa que te fazem sentir bem. A falta de confiança pode fazer com que um requintado vestido de noite pareça uma saca de batatas… pelo contrário, se te sentires bem com o que tens vestido, podes fazer com que uma peça barata pareça pertencer à passadeira vermelha. Não interessa quanto uma peça custa. Olha para mim: adoro este casaco que estou a usar ou os meus ténis – são tão descontraídos e confortáveis. Não são caros mas a qualidade é excelente.