Empresas ameaçam sair da Catalunha. Agora é a vez do CaixaBank

Desde 2008, a região já perdeu mais de 2500 empresas devido à instabilidade política, mas agora o risco é maior 

As pressões independentistas da Catalunha já estão a abanar a economia e arrasar as praças europeias. A bolsa em Espanha – seis membros do índice espanhol Ibex-35 estão sediados na região, enquanto outros têm relações fortes – atingiu, nestes últimos dias, mínimos de 2016. E surgem cada vez mais ameaças de empresas a anunciarem que poderão abandonar a região perante a possibilidade de a Catalunha declarar unilateralmente a independência. 

O CaixaBank, dono do BPI – um dos três grandes grupos bancários espanhóis, juntamente com o Santander e o BBVA – e o Sabadell são os mais recentes casos a estudar esta possibilidade. De acordo com o jornal espanhol El Mundo, há administradores do CaixaBank que querem preparar a mudança de sede, devido às incertezas trazidas por uma eventual declaração de independência da Catalunha. Também de acordo com a publicação, o presidente Jordi Gual é favorável a um plano de contingência.  Uma das soluções em cima da mesa é a mudança de sede para as Baleares. Uma decisão que irá ao encontro da designação da instituição financeira que deu origem ao La Caixa, acionista maioritário do CaixaBank: Caja de Pensiones para la Vejez y de Ahorros de Cataluña y Baleares.

Mais certo está o destino do Sabadell. A decisão de mudança de sede já está tomada, falta apenas definir o destino: Madrid ou Alicante. Uma operação que tem como objetivo garantir que a instituição financeira cumpre as exigências legais para poder estar no Eurosistema, e de forma a garantir, por exemplo, o financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE). 

A verdade é que este não é um caso isolado. A farmacêutica Oryzon Genomics foi a primeira empresa a anunciar a sua saída da Catalunha ao dizer que, como este decisão,  “quer otimizar as suas operações e relações com os investidores”.   E há muitas outras empresas que podem seguir este exemplo, nomeadamente estrangeiras, como a Nestlé e o Airbnb, que concentram as suas operações na Catalunha. O mesmo acontece com a Volkswagen que tem três fábricas na Catalunha. 

Já a Gas Natural SDG está sediada em Barcelona, mas as suas operações expandem-se por todos o país. Essas operações são reguladas através do governo, o que significa que é vulnerável a mudanças legais que podem surgir depois do referendo. 

Impacto no PIB A verdade é que números da ameaça da independência da Catalunha são mais significativos em termos económicos. E os números que foram já anunciados pelo ministro da Economia, Luis de Guindos são claros: a região da Catalunha poderá sofrer uma queda de 25 a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e ver a taxa de desemprego duplicar. 

Também a agência de notação financeira Moody’s disse no início deste mês que a escalada de tensão na região é negativa para o risco de crédito. E já esta semana Ferran Brunet, economista da Universitat Autònoma de Barcelona, afirmou que diversas empresas na Catalunha estão adiar decisões de investimento  face ao elevado nível de incerteza.  O que é certo é que o cenário não é animador.

De acordo com o presidente dos Empresários da Catalunha, desde 2008, a região perdeu quase oito mil empresas e entraram pouco mais de cinco mil, o que dá um saldo negativo de 2624 empresas devido à instabilidade política.