Os votos que valem quase 20 euros

Cada voto tem um valor para o partido e, neste caso, são os últimos lugares os que conseguem um maior lucro por voto.

Ao colocar o seu voto na urna talvez não saiba que está a dar ao partido da sua confiança 19,56 euros. Foi o que aconteceu aos 1047 eleitores que votaram no Bloco de Esquerda (BE) para a Assembleia Municipal em Ponta Delgada,São Miguel.

No município açoriano, o lucro dos votos do BE foi o mais alto a nível nacional e contrastam com os do PSe PSD que não chegaram aos 6,50 euros. A diferença prende-se com a forma de atribuição das subvenções(ver caixa), que favorece quem alcançou percentagens mais baixas, porque todos os partidos recebem uma percentagem igual dos 25% valor total disponível para o município.

Do lado oposto está a capital. Em Lisboa, um voto no PS apenas valeu à campanha de Fernando Medina 1,99 euros, o valor mais baixo entre as campanhas às câmaras das capitais de distrito. O valor máximo foi para o PAN,que conseguiu 3,85 euros por cada um dos 10.811 votos com que acabou a noite eleitoral. Para Teresa Leal Coelho as contas são feitas a 2,34 euros ao voto, enquanto para Assunção Cristas o valor não passou dos 2,28 euros. Lisboa é, sem dúvida, a cidade onde os votos valem menos. 

No Porto, Rui Moreira conseguiu 4,40 euros por cada boletim colocado nas urnas em seu nome. Já Manuel Pizarro, que ficou cerca de 11,5% atrás do vencedor, conseguiu ver o seu lucro subir 27 cêntimos, chegando aos 4,67 euros por voto. ACDU, 7,6%, e o BE, 7,2%, chegaram aos 6,91 e 7,09 euros, respetivamente.

Os valores mais altos por voto, depois de Ponta Delgada, vão diretamente para o Alentejo, onde o CDSconseguiu 18,64 euros por voto em Portalegre e em Beja angariou 16,97 euros. Excluído do pódio mas também acima do linha dos 15 euros por voto está o CDSem Vila Real, que chegou aos 15,57, e em Setúbal, onde atingiu os 16,14.

Fora Lisboa e Porto, o valor mais baixo vai para Viseu, onde o PSDnão passou dos 3,38 euros por cada voto na lista do recandidato António Almeida Henriques.

Existe apenas uma capital de distrito onde a vencedor da medalha de prata recebeu menos por voto do que a medalha de ouro. Em Braga, onde a coligação PSD/ CDS/PPM conseguiu 54,70% do sufrágio, os vencedores recebem por voto 4,19 euros, enquanto os adversários diretos não passam de 3,54 euros. OPS, que ficou em segundo lugar com 27,26%, tem o valor mais baixo por voto no município. A par com a coligação vencedora está o CDU,com 4,20 euros por voto e, com o melhor rácio o BEcom 6,46 euros. 

Houve um distrito em que a maioria dos partidos e coligações receberam mais de dez euros por voto. Das sete candidaturas à Câmara do Funchal, quatro ficaram acima dos dois dígitos por boletim. Acoligação MPT/PPV/ CDC e a CDU ficaram no limite, com 10,61 e 10,13 euros por voto, e a coligação PPM/PURPe o PTPcom 14,34 e 13,96, respetivamente.

Braga, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo e Viseu, à semelhança de Lisboa e Porto, não chegaram aos dez euros por voto, sendo que o valor máximo foi 9,22 euros por voto, conseguido pelo CDSem Castelo Branco.
Acampanha com o rácio subvenção/voto mais alto pertence ao BE,com 9,11 euros, seguido do CDS,com 7,93 euros, e da CDU, com 7,67. O PSe o PSDficaram pelos 5,18 e 5,59, respetivamente.

Também a média mais alta por distrito coloca Bragança no pódio, com 12,38 euros por voto, seguido de Beja, com 10,45, e do Funchal, com 10,13 euros.