O Estado “falhou com grande gravidade” e a tragédia repetiu-se

Líder do CDS não poupa nas palavras e Catarina Martins, do Bloco, recusa demissão da ministra

“Parece-me evidente que o Estado falhou de novo”, disse Assunção Cristas sobre os incêndios que deflagraram nas zonas Centro e Norte de Portugal. E “falhou com grande gravidade”, acrescentou, lembrando que “estamos ainda agora a olhar e analisar o relatório sobre o incêndio de Pedrógão e, de repente, parece que estamos a revisitar este assunto e voltamos a ter uma noite dramática”. Para Cristas, “é inexplicável” que tenha voltado a acontecer uma tragédia como esta.

“Pese embora a excecionalidade da conjuntura, não ignoramos a falência do Estado em momentos em que as populações dele precisaram.” No comunicado do PSD, os sociais-democratas apelaram também “a todos os agentes políticos responsáveis” que se guiem “com a máxima urgência” pelas conclusões do relatório da comissão técnica independente.

Catarina Martins culpabiliza “o desordenamento do território, o abandono da floresta, as manchas contínuas de espécies como o eucalipto”, pois “são um problema gigantesco no nosso país”. A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que “precisamos de menos atira-culpas e menos passa-culpas” e mais “de um sistema de proteção e segurança das nossas populações” com “profissionalização nos meios que combatem os incêndios”.

“No tempo das nossas vidas, nós temos de ser capazes de proteger vidas em Portugal”, acrescentou Catarina Martins, que relembra que “podemos não ter a capacidade para parar alterações climáticas”, mas que devemos “ter a coragem de mudar o modelo de defesa da floresta e de proteção civil”.

Do PCP, pela voz de João Frazão, ficou um aviso ao governo: “Com o primeiro-ministro, vamos colocar-lhe a urgência que consideramos existir na tomada de medidas, já imediatamente, em relação ao Orçamento do Estado.” Esta decisão dos comunistas pretende dar informações aos portugueses para que saibam “os meios que estão alocados à defesa da floresta para depois isso poder ser escrutinado”, acrescentou.

André Silva, do PAN, disponibilizou-se na página do Facebook do partido para ir às regiões afetadas a fim de “perceber como podemos contribuir, no terreno, para apoiar as populações destas regiões do país”.

Também Santana Lopes, que já afirmou a sua intenção de se candidatar à liderança do PSD, mostrou a sua disponibilidade para “ajudar no que for preciso” e adiou a apresentação da candidatura, que estava marcada para sábado, dia 21, data do Conselho de Ministros extraordinário para debater o relatório do incêndio em Pedrógão Grande.

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, disse que “não podemos ficar de braços cruzados”, pois “temos de nos preparar para lidar com esta ameaça, com novos modelos de organização, prevenção e combate”.

Também Os Verdes deixaram as condolências de parte e partiram para a ação. No Facebook, o partido afirmou que “vai propor taxa sobre lucros das celuloses para plantar espécies autóctones”.

Numa lógica mais “radical de direita ou de esquerda”, André Ventura mostrou-se indiferente ao rótulo que lhe poderiam atribuir, publicando na página pessoal do Facebook que “um incendiário é um terrorista e deve ser tratado como tal. O resto é conversa da treta para encher tertúlias de politicamente correto”. Para o social-democrata que foi candidato à Câmara de Loures, isto “é muito claro”.

Agora, depois de Costa, aguarda-se o discurso de Marcelo.