BPI lucra 23 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano

Pablo Forero acredita que o investimento que o CaixaBank fez vai ser mais rentável do que o previsto graças à redução dos custos de reestruturação

Os resultados líquidos do BPI atingiram os 23 milhões de euros no final de setembro, o que representa uma queda de 87,4% face aos primeiros nove meses do ano passado, quando atingiram os 182,9 milhões de euros. Este resultado, de acordo com o banco liderado por Pablo Forero, foi penalizado por “fatores não recorrentes negativos de 290 milhões de euros (após impostos), 212 milhões com a venda e desconsolidação do Banco Fomento Angola e 77 milhões de euros com programa de rescisões e reformas”, revelou em conferência de imprensa. 

Excluindo estes efeitos extraordinários, os resultados recorrentes ascenderam a 312 milhões de euros, em que 152 milhões de euros são provenientes do mercado nacional. A capacidade de absorver estes impactos extraordinários foi possível face ao aumento de 9% das comissões líquidas e à queda de 43% das imparidades para crédito e ao aumento das recuperações de malparado, que mais do que duplicaram, passando de 11 para 26 milhões de euros.  Já em termos de negócio, o crédito a clientes particulares subiu 0,7%, para 12,2 mil milhões de euros, enquanto o financiamento a empresas cresceu 1,9% para 8,3 mil milhões.

Quanto aos depósitos, estes avançaram 2,1%, totalizando 20,1 mil milhões. As comissões bancárias subiram 8,8%, enquanto a redução dos custos de estrutura atingiram os 7,6%. O que significa, no entender do responsável, que “o BPI vai ser mais rentável. Será mais fácil para o banco cumprir os objetivos de rentabilidade definidos” e garante que  já identificou a possibilidade de gerar sinergias de 103 milhões de euros, dos quais 55 milhões graças à saída de 900 trabalhadores, 23 milhões ao corte de custos gerais e 25 milhões no aumento de proveitos.

De acordo com Plabo Forero, cerca de 900 pessoas acordaram sair no âmbito do programa de rescisões por mútuo acordo e  de reformas antecipadas. Deste total, cerca de 300 saíram em 2016 e as restantes 600 assinaram os acordos já este ano. Mas destes 600 trabalhadores, 250 ainda estão no banco.

Já em relação à presença em Angola, o responsável diz que está a trabalhar com o BFA para reduzir a sua posição, mas lembra que só tem um investimento financeiro. “Temos uma recomendação do Banco Central Europeu para reduzir ainda mais essa participação. Estamos a falar com o BFA e a trabalhar para ver qual é a melhor maneira de fazer isso”, adiantou. 

Novo Banco analisado

 Pablo Forero revelou ainda que a compra do Novo Banco – uma operação que foi concluída esta terça-feira com a Lone Star – foi um assunto analisado, mas foi considerado que a possível aquisição não “encaixava na estratégia” que a instituição financeira quer levar a cabo.  O responsável disse ainda que a solução que foi encontrada para a instituição financeira “não sendo ótima, foi provavelmente a menos má”. Ainda assim, afasta a hipótese de vir a processar o Banco de Portugal com vista a travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução. Um caminho que foi seguido pelo  BCP. “O que convém a Portugal e ao sistema financeiro português é que o processo fique fechado, voltar a página e caminhar para a frente”, revela. 

Já em relação a eventuais dificuldades que o CaixaBank poderá atravessar com a situação na Catalunha e que levaram a instituição financeira a mudar a sua sede para Valência, Pablo Forero garante que os dois bancos são autónomos e, como tal, o que acontece com o acionista não afeta o BPI.