Catalunha. Independentistas chegam a acordo inicial sobre proclamação da República

O governo da Generalitat reuniu-se hoje de manhã com partidos independentistas, Assembleia Nacional Catalã e com a Òmnium Cultural para se chegar a um acordo sobre a proclamação da República. Acordo ainda pode sofrer alterações

A dois dias do senado espanhol aprovar a suspensão das autoridades autonómicas catalãs com base na apelidada "bomba atómica", o artigo 155º da Constituição espanhola, a Generalitat, liderada por Carles Puigdemont, avança em contra-relógio com negociações com os grupos e partidos catalães pró-independência. 

Puigdemont reuniu-se esta manhã com os partidos independentistas, com a Assembleia Nacional Catalã (ANC) e com a Òmnium Cultural para se alcançar um primeiro rascunho de acordo para a proclamação da República catalã. Contudo, fontes que participaram na reunião disseram ao jornal catalão "El Nacional" que o acordo poderia sofrer alterações nas próximas horas. 

Nas últimas semanas os partidos catalães independentistas, como a CUP, que integra a coligação do executivo autonómico, têm pressionado o governo de Puigdemont para que declare a independência e para que não ceda às ameaças do governo central de Madrid. Se o presidente da Generalitat adoptar a via da declaração da independência, é possível que se crie uma crise no próprio executivo por si liderado com a demissão do ministro da Economia e do Conhecimento, Santi Vila. Algumas fontes disseram ao "El Nacional" que essa mesma crise política poderá deflagrar ainda hoje e envolver outros membros do executivo. 

De acordo com a rádio catalã RAC1, a reunião teve como ponto de partida três possíveis cenários. O primeiro foi o da declaração da independência. O segundo, a proclamação da República e a marcação de eleições constituintes. E, por fim, o terceiro era a marcação de eleições sem se avançar com a proclamação da independência, o que não satisfará Madrid, que quer a total renegação do independentismo catalão, mas que, também, significaria um recúo por parte de Puigdemont. 

O primeiro a opôr-se ao terceiro cenário foi o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, apoiado pela ERC. 

Puigdemont convocou para esta tarde uma segunda reunião com os mesmos participantes para se chegar a acordo sobre a versão final do texto que amanhã apresentará ao parlamento catalão. 

Puigdemont já não vai ao senado espanhol

Afinal de contas Puigdemont não irá comparecer amanhã à reunião da comissão do Senado, que tinha como ordem de trabalhos analisar a aplicação do artigo 155, nem ao plenário do senado desta sexta-feira. Fontes da Generalitat atribuem esta decisão por o "governo espanhol já ter decidido aplicado o [artigo] 155". 

A ida de Puigdemont ao Senado tinha como objetivo permitir ao governo catalão argumentar contra a aplicação do artigo, que remove o presidente do governo catalão das suas funções, entre outros efeitos. 

A presidente do parlamento catalão, Carme Forcadell, já informou os grupos parlamentares de que o plenário pedido por Puigdemont se realizará amanhã às 16h (menos uma em Portugal) e não às 10h, como inicialmente definido.