Media. “Politizar compra da Média Capital seria uma pena para Portugal”

Fontes ligadas ao setor salientam que a compra da TVI pela Altice segue uma tendência mundial, como a compra da Time Warner pela At&T.

Media. “Politizar compra da Média Capital seria uma pena para Portugal”

“A partir do momento em que politizam as coisas estas tornam-se arbitrárias e afastamo–nos dos factos, tornamo-los sujeitos a relações e dependências, E pensamos que isso seria uma pena para Portugal, em especial se tivermos em atenção a história”. É com esta frase que uma fonte ligada à indústria resume ao i o atual momento da compra da Media Capital, dona da TVI, pela Altice, dona da MEO.

A operação avaliada em 440 milhões de euros está neste momento a ser avaliada pela Autoridade da Concorrência (AdC) depois de a  Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) não ter chegado a um consenso. Antes o negócio já tinha sido chumbado pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ao considerar que a operação ameaça a concorrência.

Várias vozes da concorrência da Altice, a mais audível das quais a NOS, já se pronunciaram contra o negócio, afirmando mesmo que a Assembleia da República deve travar o negócio. A nível político, a coordenadora do Bloco de Esquerda já defendeu que se deve “impedir” a compra da Media Capital, o maior grupo de comunicação social do país, pela Altice,  

A mesma fonte, conhecedora e experimentada neste tipo de negócios em outros mercados,  considera que “este processo é um bocadinho diferente uma vez que normalmente não se vê tanto ruído e com tantos comunicados em público de pessoas de fora do ecossitema”, mas que em termos regulatórios o processo é muito semelhante ao de outros países. 

Profissionalismo Neste tipo de negócios, o objetivo de todos os players é que os reguladores sejam objetivos e tomem as suas decisões com base em factos e a expetativa que existe é que as entidades de regulação sejam profissionais.

O setor está em mudança de paradigma, pelo que o negócio é olhada por um especialista do setor na dinâmica de estratégia global de convergência entre as empresas de distribuição e de produção de conteúdos, da qual a aquisição da Time Warner pela At&T, no otutono passado, é o exemplo mais visível.

“As telecomunicações, os media e a publicidade estão interligados e os grupos de comunicações fazem grandes investimentos (…) e há um enorme mercado de conteúdos e publicidade que tem sido explorado por grandes grupos, como a Facebook ou a Google, que de facto fazem muito dinheiro com base em investimentos que estas fizeram”, explica ao i uma fonte do setor, para quem “faz sentido” para estas empresas “expandir para além das telecomunicações e explorar esse mercado de conteúdos e publicidade”.

Este é um tipo de negócio que vai permitir beneficiar da evolução do digital advertising, o modelo de receitas para o qual está a evoluir o setor, mas que neste momneto é dominado pelas gigantes de tecnologia como o Facebook e a Google.
Na perspetiva dos operadores que querem também ser produtores de conteúdos, o objetivo é conseguir uma “percentagem justa deste mercado”.