Casas. Preços estão perto dos níveis pré-crise

Valores vão subir em média 5% em 2018 e a perspetiva é para continuar a aumentar. Mais crédito e compra para fins turísticos ditam tendência

O mercado residencial em Portugal continua a registar uma elevada procura face a uma oferta muito limitada, o que associado ao aumento da atividade de crédito, está a permitir que os preços das casas regressem ao níveis pré-crise. O alerta é feito pela Confidencial Imobiliário (Ci) em parceria com a consultora imobiliária RICS.

“O mercado residencial está a beneficiar de um aumento da nova atividade de crédito, o que, associado ao desequilíbrio entre a oferta a procura, está a permitir que os preços se aproximem dos níveis praticados antes da crise. O índice de preços residenciais calculado pela Confidencial Imobiliário encontra-se agora menos de 1% abaixo do máximo registado em 2010”, revela Ricardo Guimarães, diretor da Ci. 

E os números falam por si: o inquérito feito em outubro revela que os operadores inquiridos (agentes, proprietários e promotores) acreditam que os preços das casas irão subir, em média, 5% nos próximos 12 meses, revendo em alta as perspetivas de crescimento de 4% que antecipavam em setembro. 

Também a longo prazo, as perspetivas são animadoras, estando previsto um crescimento médio anual dos preços em torno dos 6% nos próximos cinco anos. 

“A confiança dos operadores no mercado é bastante elevada, pois o movimento de crescimento dos preços não se baseia apenas no aumento do financiamento, mas é também suportado pela dinâmica de outras fontes de procura, como a compra de casa para fins turísticos, destinados ao arrendamento de curta-duração”, diz o responsável.

Recorde-se que, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), o crédito à habitação continua a aumentar de forma expressiva. Nos primeiros nove meses do ano, já foram concedidos quase seis mil milhões de euros. Este valor representa um aumento de quase 43% face a igual período homólogo.

Feitas as contas, os bancos nacionais já emprestaram mais do que em 2016. Só em setembro, a banca portuguesa concedeu 740 milhões de euros em crédito à habitação.  

Por outro lado, a avaliação bancária das casas atingiu em outubro o valor mais alto do último ano. Segundo os dados do INE, O valor médio de avaliação bancária para o total do país foi de 1141 euros por metro quadrado, o que representou um aumento de 0,5% em relação a setembro e 5,6% face a outubro do ano passado.

Procura em todo o país

De acordo com o inquérito de outubro, no mercado de compra a venda de casas, a procura permanece elevada em todas as regiões analisadas  – Porto, Lisboa e Algarve –  sendo que todas elas registaram igualmente uma ligeira redução da oferta. 

Já no mercado de arrendamento, a procura manteve-se positiva em outubro, embora tendo decrescido ligeiramente face ao mês anterior. Por seu lado, a oferta manteve-se estabilizada entre os dois meses, enquanto as rendas continuaram a subir, esperando-se que este movimento ascendente continue nos próximos três meses. 

“A economia portuguesa continua a apresentar um dos mais fortes crescimentos na Europa, com a expansão do PIB a acelerar no 3º trimestre do ano. Os consumidores viram os seus rendimentos reais a aumentar, à medida que a inflação continua baixa e a taxa de desemprego em mínimos de quase uma década. Após anos de desalavancagem, as famílias conseguiram aumentar os gastos, ajudando a impulsionar a recente força no mercado residencial”, lembra  Simon Rubinsohn, economista chefe do RICS.