Jornal Guardian elogia ‘política radical’ portuguesa no combate às drogas

Artigo do jornal britânico faz uma descrição extensa das políticas portuguesas nesta área

As políticas portuguesas de combate à droga dão que falar lá fora há vários anos. Desta vez, o jornal britânico Guardian elogiou os trabalhos desenvolvidos pelas autoridades lusas e fez uma reportagem sobre a forma como o nosso país conseguiu inverter a tendência e diminuir o problema de consumo de estupefacientes.

Ao longo do artigo, são descritos os papéis importantes de pessoas como Álvaro Pereira, um médico que, sem querer, se  tornou um especialista no combate ao consumo de drogas, e João Goulão, outro especialista que, juntamente com Pereira, fundou o primeiro Centro de Atendimento a Toxicodependentes. Numa viagem de norte a sul do país, o Guardian mostra como Portugal – país que, nos anos 80, tinha os níveis mais altos de pessoas infetadas com o vírus do VIH na União Europeia – conseguiu dar a volta e se dedicou ao cuidado das pessoas que se viram presas ao mundo da droga.

Este (e outros) artigo surge devido às políticias implementadas nesta área: em 2001, Portugal tornou-se o primeiro país a descriminalizar a posse e o consumo de substâncias ilícitas. Ou seja, em vez de ser detido, aquele que era apanhado com uma dose individual de estupefacientes recebia um aviso, uma pequena multa ou era obrigado a apresentar-se na esquadra, num posto médico ou num local onde poderia receber tratamentos e conselhos para deixar o vício.

“A recuperação incrível de Portugal e o facto de se manter firme ao longo de várias mudanças governativas (…) não poderia ter acontecido sem uma mudança cultural enorme e uma alteração na forma como o país encara as drogas e os vícios. A lei foi apenas um reflexo das transformações que já estavam a ocorrer em clínicas, farmácias e à volta das mesas das cozinhas familiares. As políticas de descriminalização facilitaram a vida a vários serviços (saúde, psiquiatria, empresas, etc), que até aqui tinham dificuldades em lidar com situações destas apenas com os seus recursos, podendo a partir daí trabalhar em sintonia e de uma forma mais eficiente [com as comunidades] para servir as populações”, refere o jornal britânico.

O problema das drogas tem piorado em todo o mundo e nenhum país seguiu os passos de Portugal, mas, aos poucos, alguns começam a implementar algumas medidas para tentar acabar com esta ‘epidemia’: “Chile e Austrália abriram os primeiros clubes de canábis medicinal, alguns estados norte-americanos permitem a canábis medicinal e outros até autorizam a recreativa, a Dinamarca abriu o maior espaço de consumo de droga monitorizado e a França também inaugurou o primeiro do mesmo género, o Canadá está a delinear um plano para legalizar o uso recreativo de canábis  e o Gana anunciou que tenciona em breve descriminalizar o consumo de estupefacientes.

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