Mundial de Clubes. Ronaldo abre-latas mostra o caminho da final

O Real Madrid teve de sofrer para garantir a presença no jogo decisivo da competição que decorre nos Emirados Árabes Unidos. Um golo do astro português e outro de Bale valeram o triunfo perante o Al-Jazira (2-1); seguem-se os brasileiros do Grémio na final

Custou muito mais do que era suposto – e expectável. É verdade que nisto do futebol já não há vencedores antecipados, e que o dinheiro e o historial não ganham jogos por si só, mas também será indesmentível que todo o universo futebolístico – pelo menos aquele minimamente informado, que sabe que o Mundial de clubes está a decorrer por estes dias nos Emirados Árabes Unidos – apostaria de antemão num triunfo mais ou menos tranquilo do Real Madrid sobre o Al-Jazira, na segunda meia-final da prova.

Não foi isso que se verificou, porém. Os merengues, praticamente na máxima força – dos habituais titulares, Zidane só deu descanso a Sergio Ramos, Carvajal e Kroos –, foram quem mais carregou, mas uma exibição estóica do guardião Ali Khaseif nos primeiros 45 minutos foi dando cores de surpresa ao encontro. Que ficaram ainda mais carregadas aos 41’, quando o brasileiro Romarinho, que já conquistou a prova pelo Corinthians em 2012, pôs a equipa da casa em vantagem, a passe do marroquino Boussoufa – muita atenção, Fernando Santos –, aproveitando-se também da inerte marcação de Varane para bater Navas. Minutos antes, o vídeo-árbitro havia anulado um golo a Casemiro.

Ao intervalo, o resultado era escandaloso para o todo-poderoso europeu. Mas quem tem Cristiano Ronaldo tem tudo – ou quase. Na véspera, o CR7 já havia deixado o aviso: “É um compromisso muito importante para nós. Obviamente que é um prazer jogá-lo porque só o jogamos se tivermos ganho a Champions. Não viemos para passear, viemos para ganhar porque é uma competição que diz muito ao Real Madrid. Já ganhei o Mundial de Clubes com o Real Madrid e com o Manchester United e também gosto muito desta prova. O que quero é simples: ganhar e, se possível, marcar para ajudar a equipa a conquistar o troféu.” Aos 53’, já depois do guardião do Al-Jazira ter sido substituído devido a problemas físicos, o astro português voltou a rir-se dos críticos e, assistido por Modric, devolveu o Real Madrid ao caminho da final. Foi o seu 15º golo na temporada, sexto na história desta prova, o que faz de Ronaldo o melhor marcador de sempre da competição – à frente… de Messi. Agora, Ronaldo pode gabar-se de ser o melhor goleador de sempre de Europeus, das competições europeias no geral (e da Liga dos Campeões em particular), do Mundial de Clubes e do Real Madrid. Mais palavras para quê?

 

O melhor do mundo e a Fénix Faltava, todavia, pelo menos mais um golo para afastar de vez as hipóteses de uma surpresa do tamanho do mundo. Benzema ia falhando oportunidades em catadupa e, aos 81’, Zidane finalmente resolveu tirar o francês do relvado, dando lugar a Bale, que nos intervalos das lesões lá vai atuando alguns minutos. E o galês, qual Fénix, mostrou novamente que a qualidade permanece lá: menos de um minuto após ser lançado, e na primeira vez que tocou na bola, atirou de primeira para a baliza do Al-Jazira. Ronaldo ainda esboçou uma tentativa de calcanhar, mas não chegou a tocar na bola: o 2-1 foi mesmo do galês. Estava carimbada a presença na final, a terceira dos madrilenos, que venceram as duas anteriores: em 2014, frente aos argentinos do San Lorenzo (2-0), e no ano passado, também perante uma equipa argentina – no caso, o River Plate: 3-0. Em ambas, o Real contou com um trio português na lista de vencedores: Pepe, Fábio Coentrão e Cristiano Ronaldo. Desta feita, só o avançado poderá almejar a repetir o feito. Com três conquistas, o Barcelona é a força dominante nesta prova: um pecúlio que o Real vai tentar igualar.

Na final, que se disputa este sábado, terá como opositor os brasileiros do Grémio, campeões sul-americanos em título, e que também tiveram de sofrer bastante para garantir o bilhete para o jogo decisivo. Nas meias-finais, tiveram de ir ao prolongamento para superar o Pachuca, do México: o único golo do encontro surgiu aos 95 minutos, da autoria de Everton. O Grémio vai assim tentar inscrever o nome de uma equipa brasileira (e da América do Sul) na lista de vencedores da competição, algo que não acontece desde que, em 2012, o Corinthians surpreendeu o Chelsea na final: 1-0, com golo do peruano Guerrero.