Turismo fecha 2017 com melhor ano de sempre

Atividade cresce quatro vezes mais do que a economia nacional, sendo apontada como uma das principais responsáveis pela redução do desemprego.

Ainda não são conhecidos os dados até ao final do ano, mas o turismo em Portugal caminha a passos largos para alcançar o melhor  ano de sempre. Uma atividade que cresce quatro vezes do que a economia nacional e que vai manter ou, até mesmo crescer, o seu peso no produto interno bruto (PIB) no próximo ano.

 A opinião é unânime junto dos vários responsáveis do setor que chegam mesmo a apontar o turismo como o principal responsável pela redução da taxa de desemprego. Aliado a isto há que somar ainda os prémios que Portugal arrecadou, nomeadamente o galardão do melhor destino do mundo. 

E os números falam por si. Os últimos dados do INE apontam para um crescimento do setor especialmente na época baixa que, até aqui, era considerada o nosso calcanhar de Aquiles. Em outubro Portugal recebeu  2 milhões de hóspedes, 5,3 milhões de dormidas e 323,5 milhões de euros de proveitos, o que representa crescimentos na ordem dos 8,7%, 6,4% e 18,6%, respetivamente, enquanto no passado mês de setembro os crescimentos tinham sido de 8% nos hóspedes, 5,3% nas dormidas e 17,8% nos proveitos. Ainda assim, superiores aos números alcançados na época alta.

Estes resultados já levaram a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a afirmar que «estes números confirmam que o alargamento da atividade turística a todo o ano é uma realidade». Uma preocupação que tem acompanhado este governo que tem vindo a apontar para a necessidade de crescer nas épocas mais baixas.
A verdade é que os resultados são mais significativos se analisarmos os números desde o início do ano, com Portugal a receber até outubro 18,2 milhões de hóspedes, 51,6 milhões de dormidas e três mil milhões de euros de proveitos, representando crescimentos de 8,6%, 7,1% e 16,6%, respetivamente. 

O setor da restauração  não fica alheio a esta tendência ao também atingir níveis recorde em termos de empregabilidade. Segundo os dados da AHRESP, o setor da restauração e bebidas e o alojamento turístico, no final do 3º trimestre de 2017, registava 345,9 mil postos de trabalho, que representa uma variação homóloga positiva de mais 18,1% (traduzindo-se num acréscimo de 53 mil postos de trabalho), atingindo um novo máximo histórico de empregabilidade.

Mas nem tudo são boas notícias. Este crescimento também acarreta problemas. A associação admite que atualmente já se depara com «um estrangulamento do mercado de trabalho nacional e uma escassez de mão-de-obra qualificada, o que coloca graves problemas na qualidade da nossa oferta turística, e no desenvolvimento das nossas empresas, dos seus negócios e dos seus atuais e futuros investimento», alerta  José Manuel Esteves, diretor-geral da AHRESP. 

Lisboa com maior peso
Sem dúvida que Lisboa é a região que mais tem contribuído para este sucesso, sendo a capital já considerado pelo setor como uma espécie de joia da coroa. Os dados do Turismo de Lisboa apontam desde o início do ano para um crescimento na ordem dos 10% em número de hóspedes, que foi acompanhado por um crescimento de 20% da rentabilidade da hotelaria, o que demonstra que a cidade também está a crescer em valor. «Lisboa continua a crescer em número de turistas e receitas e é com grande satisfação que podemos dizer que estamos prestes a fechar o ano com mais um recorde turístico», revela o diretor do Turismo de Lisboa, Vítor Costa.

Com um lugar cada vez mais consolidado como destino turístico de eleição na Europa, a maioria das nacionalidades dos turistas que visitam a capital são francesa, espanhola e alemã, sendo que os mercados que têm crescido mais são os do Brasil (46,6%), Rússia (36,3%), EUA (31,1%) e Reino Unido (15,1%).

Vítor Costa desvaloriza, no entanto, as acusações de que o turismo está a esmagar a habitação e que já se assiste a um excesso de turistas em Lisboa, lembrando que o crescimento do turismo tem sido «muito importante em termos económicos, tem gerado emprego e tem dinamizado a reabilitação da cidade». 

Desafios 
Habitantes empurrados para fora das cidades, experiência turística desvirtuada, infraestruturas sobrecarregadas, impactos negativos sobre a natureza e ameaças à herança cultural. Estes são, segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), os cinco grandes riscos que as cidades enfrentam quando a popularidade se transforma em sobrelotação e Lisboa não escapa a estes riscos. Isto porque Portugal está no grupo dos 20 países do mundo que recebem quase dois terços de todas as chegadas de turistas internacionais.

Nos próximos anos esta tendência vai não só manter-se, como acentuar-se. Em 2020, estima o WTTC, França continuará a ser o destino turístico mais popular do mundo e Portugal vai manter-se no segundo grupo de países que mais turistas recebem. Juntos, os 20 países mais populares do mundo vão receber mais turistas do que todo o resto do mundo.

Para evitar estes riscos, o WTTC deixa algumas soluções. Distribuir turistas no tempo, geograficamente, ajustar o preço à oferta e procura, regular a oferta de alojamento e limitar o acesso ou as atividades são algumas hipóteses postas em cima da mesa para ajudar as cidades com maior pressão turística.