A Manchester Art Gallery resolveu remover, na passada sexta-feira, um dos mais icónicos quadros de John William Waterhouse’s (1849-1917), “Hylas and the Nymph” [Hilas e As Ninfas]. O quadro, que retrata uma cena mitológica, mostra várias ninfas despidas num lago a tentar um jovem – ideia adaptada de um dos mitos gregos, a viagem de Jasão e os Argonautas. O quadro é comummente aceite como uma das mais conhecidas obras pré-rafaelitas, lembra o britânico “The Guardian” .
Segundo explicou a galeria, a retirada do quadro inseriu-se num “takeover de várias pessoas associadas à galeria”. O evento – intitulado de ‘Presenting the female body: Challenging a Victorian fantasy’ [Apresentando o corpo feminino: Desafiando uma Fantasia Vitoriana] – teve lugar no dia 26 de janeiro e passou pela remoção temporária do quadro – que faz parte da coleção de arte pública de Manchester. Entretanto, todo o merchandising da galeria em que figure a pintura também foi retirado de circulação.
O ato de remoção do quadro foi filmado e é apenas uma primeira parte da discussão que segue o rastilho dos escândalos de assédio sexual, e que fará parte de uma exposição de Sonia Boyce. É que, depois de retirarem a pintura, os galeristas pedem agora às pessoas para partilharem a sua opinião sobre o assunto, até para perceber como podem “falar da coleção de maneiras relevantes para o século XXI”. As opiniões devem ser partilhadas através do #MAGSoniaBoyce.
Entretanto, os responsáveis já divulgaram algumas ideias partilhadas . “Esta galeria apresenta o corpo feminino como uma 'forma decorativa passiva' ou como uma 'femme fatale'. Vamos desafiar essa fantasia vitoriana!”, considerou um dos comentadores. “Esta galeria existe num mundo cheio de questões interligadas que nos afetam a todos, desde o género, raça e sexualidade. Como é que as obras de arte podem falar de uma forma mais relevante e contemporânea?”, questionou outra pessoa.