As histórias de quem não escapou às multas da EMEL

Tudo começou quando escrevemos “EMEL” no motor de busca do Facebook. Um dos primeiros resultados leva-nos até ao grupo “Eu vi um gajo da EMEL”, do qual fazem parte quase sete mil pessoas que, diariamente, partilham a localização dos agentes de fiscalização. “António Augusto Aguiar debaixo de fogo” ou “Há uma emelguinha a subir a…

Marta
Bloqueada e multada duas vezes no mesmo dia

Não é que nunca tenha parado em segunda fila só para ir por uma carta ao correio ou para ir buscar um quilo de arroz ao supermercado.

Ou que nunca tenha parado só cinco minutos em frente a uma garagem ou que tenha procrastinado quando os únicos lugares vagos em dez quarteirões são os de deficientes.

Mas desta vez, que agi de forma inocente, acabei multada duas vezes no mesmo dia, uma delas com direito a bloqueio. A primeira aconteceu na rua onde moro, porque parei o carro numa espécie de largo (não é passeio, não tira a passagem a ninguém e, na verdade, nem sei bem porque está lá) isto porque, todos os dias, aquele espaço está repleto de carros, principalmente durante a noite, altura crítica para os moradores que, apesar de terem dístico, chegam a casa sem espaço para parar o carro. Dessa vez, bastaram 40 minutos lá parada para ter direito a bloqueio.

A multa tinha sido passada há cinco minutos e, por isso, ainda dei uma volta ao bairro para ver se via a carrinha da EMEL de maneira a me ver livre daquilo o mais rapidamente possível. Tarde demais. Não só fui multada e bloqueada, como tive que esperar durante duas horas sentada no passeio até que chegassem. De tal maneira que a primeira coisa que o funcionário da Emel fez, quando saiu da carrinha, foi dar-me o email para eu reclamar.

Noventa e oito euros depois, parti em direção ao Príncipe Real e parei numa rua que, além de estar parcialmente em obras, tem apenas no início a indicação que o estacionamento era apenas para residentes. Inocentemente (juro!) parei e meia hora depois deparo-me com outro envelope vermelho. Tive que me rir. E tive também que pagar mais esses sessenta euros.

Ana Martins
Multas em casa? Tenho mais de 15. Desde que trabalho perto das Amoreiras que todos os dias são uma aventura.

Uma delas foi recente. Quando estacionei percebei que não tinha dinheiro e a aplicação (a ePark, que permite o pagamento por telemóvel) não estava a funcionar. Subi ao escritório para ir buscar moedas e quando desci já me estavam a bloquear. Expliquei, chorei, gritei, insultei, mas não me livrei dos 98 euros de multa e desbloqueamento. Uns dias depois, meti moedas no parquímetro e, quando percebi que já estava a ultrapassar o tempo limite, recorri à app que estava em baixo, pelo que demorou uns cinco minutos a atualizar. Foi suficiente para ver uma agente a multar-me. Desci do escritório, fui atrás dela, reclamei e ela mandou-me apresentar queixa. Apresentei, mas não serviu de nada.

Miguel Costa
O papelinho ignorado

Mudei de casa recentemente, de uma zona sem parquímetros para outra que está sob a alçada da Emel. Estava ainda no impasse entre mudar a morada no cartão de cidadão para depois conseguir pedir o dístico, quando deixei o carro à porta de casa num dia em que estava mais aflito com trabalho. Deixei no vidro um papel a explicar que morava mesmo em frente ao sítio onde estava estacionado e indiquei qual a minha campainha, para o caso da Emel aparecer. Mesmo assim, de trinta em trinta minutos ia lá espreitar.

Numa dessas vezes vejo uma carrinha da Emel lá parada e dois agentes já a tratar do bloqueio. Desci a correr, na tentativa de parar aquilo mas foi em vão. Disseram-me que estavam apenas a fazer o trabalho que lhes competia. Ainda expliquei que a lei não é matemática e que é feita de pessoas para pessoas, mas nada. E mais, disseram-me que vieram bloquear porque um outro fiscal já tinha multado anteriormente. Fui ver a que horas tinha sido passado a multa e era exatamente a mesmo do bloqueio, ou seja, ainda me mentiram.

Nuno Granja
O caça Emel

Depois de um dia ter chegado ao infantário da filha para a ir buscar e ter carrinha da Emel a ocupar dois lugares de estacionamento, decidi começar a registar as situações em que encontro carros da Emel em situação ilegal. Já tenho uma boa fotogaleria.

Tiago Silva
Rebocado dentro de um parque de estacionamento

Como trabalhava na Faculdade de Letras, preferir pagar a anuidade do parque destinado a funcionários para não ter que todos os dias procurar lugar para estacionar. Pagava cento e poucos euros para estacionar num parque dividido entre terra batida e uma espécie de calçada portuguesa, que vinha da continuação do passeio exterior.

Um dia, quando chego ao fim da tarde ao parque, o meu carro não estava lá. Tinha sido multado, bloqueado e rebocado porque, supostamente, estava estacionado no passeio. A Emel não percebeu que, apesar do piso ser igual, havia uma barras de ferro a dividir o passeio da rua e o estacionamento privado. De tal forma que até a polícia teve que intervir para evitar que multassem mais carros. Mesmo assim eu e vários colegas não nos livramos da multa e, quem reclamou, teve direito a reembolso uns meses depois, mas apenas do valor da multa, não contemplando o preço a pagar pelo desbloqueio e o reboque.

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