“Não as deveríamos forçar a usar abayas”, disse clérigo superior saudita

Nos últimos meses o reino tem dado passos em prol dos direitos das mulheres

A Arábia Saudita tem assumido um caminho de crescente liberalização religiosa, mas as palavras mais recentes de um clérigo superior, membro do Conselho de Clérigos Superiores, o mais elevado órgão religioso do reino, a defender que as mulheres sauditas não precisam de usar abayas são um passo ainda maior nesse sentido. Algo que até há alguns meses seria impensável de se ouvir.

"Mais de 90% das mulheres muçulmanas pias do mundo muçulmano não usam abayas", disse o Xeique Abdullah al-Mutlaq. "Então, não as deveríamos forçar a usar abayas", concluiu. As palavras foram pronunciadas num programa televisivo de sexta-feira à noite na Arábia Saudita. 

O país é conhecido por todo o mundo pelas suas restrições à liberdade das mulheres, como, por exemplo, saírem de casa sem estarem acompanhadas por um homem pertencente à sua família mais próxima. Há quatro meses, o reino permitiu às mulheres conduzirem automóveis, um passo considerado inédito na história recente da Arábia Saudita. 

Nos últimos meses, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman tem avançado com reformas a favor dos direitos das mulheres, que se inserem numa visão pós-petróleo que o príncipe herdeiro tem em mente para o país, contrariando os elementos ultra-conservadores do poder político e religioso.