Debate quinzenal. CDS e Bloco alinhados nas críticas. Costa sorri

Problemas no Serviço Nacional de Saúde dominaram debate com críticas de Catarina Martins e Assunção Cristas. PM destacou “maior crescimento deste século” 

Não era difícil o debate correr bem a António Costa. As notícias do dia eram boas para o governo e o primeiro-ministro foi direto ao assunto. “Tivemos hoje boas notícias para Portugal”, disse Costa na abertura do debate quinzenal, referindo-se aos dados que apontam para um crescimento da economia de 2,7% em 2017: “o maior crescimento real deste século.” 
Com bons números para apresentar e o principal partido da oposição numa fase de transição – Hugo Soares fez o último debate como líder do grupo parlamentar – , António Costa não teve grandes dificuldades em enfrentar as críticas e até se divertiu com o facto de CDS e Bloco de Esquerda lançarem a mesma pergunta. “Não leve a mal. Tenho dificuldade em não sentir alguma graça com o facto de as suas perguntas mimetizarem as do BE”, disse, em resposta a Assunção Cristas.

BE e CDS levantaram a mesma questão: quando é que o governo vai abrir o concurso para os médicos especialistas? O Bloco, pela voz de Catarina Martins, foi o primeiro a abordar o tema num conjunto de perguntas sobre o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “É o ministro da Saúde ou o ministro das Finanças que trata a contratação dos médicos especialistas? Quando vamos contratar os médicos especialistas de que o país precisa?”, questionou a coordenadora do BE, lamentando o facto de “estarem há dez meses à espera do concurso.”

“Dentro de dias”

O ministro da Saúde, Adalberto Campos, garantiu há mais de um mês, no parlamento, que o concurso para 640 médicos especialistas seria lançado “dentro de dias”. Não foi. Costa optou por dar uma resposta vaga, dizendo apenas que “está a ser trabalhada a identificação do melhor calendário”. 

Assunção Cristas aproveitou para insistir. O primeiro-ministro garantiu que “já tinha respondido à deputada Catarina Martins” e continuou sem avançar com uma data concreta. Perante a insistência do CDS, Costa ainda afirmou que “no momento próprio, o concurso será aberto”. 

Cristas não gostou do sorriso de Costa por CDS e BE estarem alinhados nas críticas e garantiu que enquanto o primeiro-ministro “sorri” e se “diverte” há “utentes que estão no SNS à espera de médicos”. 

A saúde foi um dos principais temas do debate e Catarina Martins apontou o dedo ao ministro por, neste momento, ter “problemas com todos os profissionais de saúde menos com os administradores dos hospitais e clínicas privadas que dependem do Estado para sobreviver”. 

Heloísa Apolónia, do PEV , também alinhou nas críticas e lamentou o “défice de capital humano” no SNS – o que levou Costa a admitir que todos os seus “ministros se queixam”. O primeiro-ministro considerou, porém, que o problema está em “anos e anos sem uma renovação dos quadros nos serviços públicos”.

No PSD, os tempos são de mudança. Passos Coelho não marcou presença no último debate quinzenal em que poderia participar como líder do partido e não ouviu Costa “saudar a forma empenhada e dedicada como procurou servir o país”. Hugo Soares, que também fez o último debate como líder de bancada, defendeu que o governo devia ser mais ambicioso no crescimento da economia. O ainda líder parlamentar do PSD lembrou o caso da Irlanda, que enfrentou um “programa parecido e está a crescer a 3,8%”.