Tempo. Pior já passou mas mar e vento vão manter-se fortes

Sábado e domingo não vão repetir o estado de tempo primaveril do passado fim de semana. Todo o cuidado com o mar é pouco

O mau tempo tornou ontem a deixar um rasto de estragos no continente e ilhas. Na Trafaria, na margem sul do Tejo, a força das ondas foi tanta que chegou a arrastar um carro para o mar. Duas famílias ficaram desalojadas, disse ao i o comandante Pedro Araújo da Proteção Civil, oficial de operações de emergência.

Ao final do dia estavam a ser feitas diligências para verificar se poderiam ficar em casa de familiares. A agitação marítima causou ainda estragos noutras três casas mas não eram primeira habitação.

Nos próximos dias prevê-se um desagravamento das condições meteorológica mas Pedro Araújo sublinha que o cenário estará longe das condições primaveris do passado fim de semana, alertando que tanto o mar como o vento vão manter-se fortes. Ontem ao final do dia o aviso relativamente à agitação marítima passou de laranja a amarelo, mas o porta-voz explica que o mar, ao estar com muita energia, pode facilmente levar a ondas de 6 a 7 metros, com tendência a baixar mas ainda assim são um perigo. Já os avisos sobre vento forte, embora haja períodos de acalmia, são para levar a sério e o alerta mantém-se até à madrugada de sábado.

Centenas de pedidos de ajuda Ontem a Proteção Civil registou 427 ocorrências, em particular nos distritos de Lisboa, Faro e Viseu. As duas situações mais graves fruto do mau tempo que se fez sentir no final desta semana aconteceram na Madeira e em Beja.

Na praia Formosa, no Funchal, um homem foi arrastado para o mar na noite de quarta-feira e quinta-feira ao final do dia continuava desaparecido. Já em Beja, uma mulher de 37 anos que participava no Campeonato Nacional das Profissões ficou em estado grave ao ser atingida por uma peça metálica que se soltou de uma das tendas onde estava a decorrer o evento.

Pedro Araújo sublinha que, com as atuais condições atmosféricas e vento que pode chegar aos 80/90km/h, o uso de tendas está desaconselhado.

Além de danos pessoais, os danos materiais em diferentes pontos do país estão ainda por contabilizar. Na praia da Rocha, em Portimão, o temporal arrasou o bar Nosolo Aqua, que ocupa parte da frente marítima, adiantou o jornal “Sul Informação”. Na Madeira, nos últimos dias fustigada pelo mau tempo e com muitos voos cancelados – algumas viagens para o continente que estavam previstas para a última segunda-feira só estavam ontem a ser remarcadas para esta sexta-feira – o governo traça um balanço negro, com danos em marinas, portos, pavilhões e infraestruturas desportivas.

Segundo o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, os danos ultrapassam centenas de milhares de euros. “Já investimos 600 milhões de euros nas obras de proteção e reforço das infraestruturas. Agora, temos de ter sempre uma atitude proativa em termos de prevenção para enfrentar as consequências das alterações climáticas. Vamos continuar a investir na formação da Proteção Civil, na formação da população para situações de emergência e também no reforço das infraestruturas”, disse Albuquerque, lembrando que as rajadas fortes pedem cautelas como evitar parques ou fazer levadas.

O céu deverá manter-se muito nublado durante o fim de semana, com chuva ou aguaceiros. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê queda de neve nas regiões mais altas do Norte e Centro e ocorrência de trovoada. Tempo de inverno, depois de um janeiro e grande parte do mês de fevereiro quente e seco.