Costa ataca imprensa sobre os incêndios: “Só acorda para os problemas no meio das tragédias”

O primeiro ministro considerou “extraordinário ouvir, na altura, os opinion-makers dizerem que se estava a fazer uma reforma da floresta à pressa para responder à tragédia de Pedrógão”

Hoje, em resposta à intervenção de um deputado do PS sobre os incêndios de 2017, o primeiro-ministro considerou que “um dos maiores problemas do país” é “a péssima qualidade da nossa informação”, referindo-se aos “opinion-makers” da comunicação social. 

“Só desperta para o problema no meio da tragédia, e esquece habitualmente o problema na hora certa para prevenir que a tragédia possa vir a ocorrer”, disse António Costa, no debate quinzenal de quinta-feira, em crítica intensa à atuação dos comentadores portugueses em 2017.

“Foi extraordinário ouvir, nessa altura, os opinion-makers dizerem que se estava a fazer uma reforma da floresta à pressa para responder à tragédia de Pedrógão, ignorando que aquela reforma tinha sido objeto de um conselho de ministros extraordinário em outubro de 2016, em março de 2017, e estava aqui pendente na Assembleia da República desde abril de 2017”, defendeu Costa. 

“O que o que se estava a fazer era simplesmente concluir-se um processo que muitos meses antes tinha sido iniciado”, insistiu o líder dos socialistas e chefe do executivo. 

Para António Costa, “estamos hoje em condições piores do que estávamos em 2006”. 

“Foi infelizmente necessária a tragédia humana de 112 vítimas mortais para que uma reforma da floresta, que tínhamos iniciado no conselho de ministros em maio de 2016, tivesse finalmente despertado o interesse do país”, lamentou-se o primeiro-ministro sob palmas do grupo parlamentar do PS.

Sobre a necessidade pensar a reforma da floresta a longo prazo, por outro lado, Costa justificou a espera. 

“Responsavelmente aguardámos que a Comissão Técnica Independente produzisse a sua análise em relação aos nossos sistemas de prevenção e combate aos incêndios. Nessa altura, muitos nos acusaram de em vez de termos agido optarmos por aguardar. Mas estas reformas exigem consenso amplo”, acrescentou, argumentando que teria sido “irresponsável” se o governo o tivesse feito antes.