CDS. Número 2 de Cristas em Lisboa vai para o parlamento

Deu-se dominó das renúncias parlamentares no CDS. Começou-se com Filipe Lobo d’Ávila, ainda no congresso, passou-se por um crítico e acabou-se num cristista

De um distante para um lealista, escapando a um crítico e a uma veterana.

A renúncia parlamentar de Filipe Lobo d’Ávila, anunciada no congresso do CDS em Lamego, levou a uma sucessão de eventos que desaguou com João Pedro Gonçalves Pereira, número 2 de Assunção Cristas em Lisboa, a ir assumir a cadeira de deputado que ficara livre.

Ao i, o vereador centrista e também deputado a partir da próxima semana diz que exercerá “o mandato parlamentar com empenho e dedicação à causa pública”, deixando também uma menção a Lobo d’Ávila que sairá da Assembleia da República. “Identifico-me plenamente com a liberdade que o Filipe Lobo D’Ávila advoga ter que existir na política. Foi um bom deputado ao serviço do país e ao serviço do CDS”, termina, ainda ao i.

Para Gonçalves Pereira assumir o mandato de deputado, todavia, não foi só Filipe Lobo d’Ávila a prescindir da função. Olhando para a lista do CDS-PP eleita por Lisboa nas eleições, depois de Lobo d’Ávila ainda viria Raul Almeida, crítico acérrimo da liderança de Assunção Cristas, e Orísia Roque, veterana do CDS lisboeta. Gonçalves Pereira, que foi porta-voz de Cristas durante as últimas autárquicas na capital, logo a seguir.

Ao que o i apurou, Orísia descartou a possibilidade de regressar ao parlamento, preferindo o trabalho autárquico, e Raul Almeida optou por clarificar nas redes sociais: “Renuncio hoje ao lugar de deputado depois de um período de séria reflexão. Gosto muitíssimo de política e realizei-me quando fui deputado”, introduziu, mas com adversativa. “Gostar genuinamente de ser deputado, significa não querer ser deputado a qualquer custo, não ver o cargo como um emprego ou fonte de rendimento. No presente momento político, sinto que é mais importante preservar a minha total independência em relação ao exercício de cargos políticos remunerados, como garante inalienável da minha liberdade de pensamento e ação, hoje e no futuro”, adiantou depois.

Raul Almeida e Lobo d’Ávila reeditaram em Lamego a lista alternativa ao Conselho Nacional que já haviam apresentado no congresso que elegeu Assunção Cristas pela primeira vez, em Gondomar. A única diferença em Lamego foi a não apresentação de uma moção estratégica e o anúncio da renúncia parlamentar de Lobo d’Ávila.

No discurso de despedida que o centrista fez esta semana em plenário, Lobo d’Ávila assegurou que o adeus ao parlamento não significa uma despedida da política, do CDS ou da ambição de querer “um Portugal melhor”. A bancada, com Cristas, aplaudiu-o.

Apesar do distanciamento institucional apresentado nos congressos referidos, o advogado e agora ex-deputado não criticou publicamente a direção de Assunção Cristas ao longo do primeiro mandato desta como líder, mantendo a solidariedade institucional antes, durante e depois das autárquicas em que Cristas conseguiu o melhor resultado do CDS desde o 25 de abril.