Casamento real. Os milhões à volta do dia que vai parar Inglaterra

O enlace do príncipe Harry com a atriz norte-americana Meghan Markle pode traduzir-se num estímulo de mais de mil milhões de euros para a economia britânica, o dobro do que apontavam as estimativas em janeiro.

Casamento real. Os milhões à volta do dia que vai parar Inglaterra

A História já mostrou que os casamentos reais britânicos provocam uma espécie de euforia colectiva – e vem aí mais um. O príncipe Harry vai casar com a atriz norte-americana Meghan Markle, no dia 19 de maio, no castelo de Windsor. E enlace pode traduzir-se num estímulo de mais de mil milhões de euros para a economia do Reino Unido. Se é verdade que os casamentos reais não estão cotados na bolsa, também é inegável que mexem com a economia britânica.

Em janeiro, as estimativas apontavam para que o evento contribuísse com cerca de 500 milhões de euros para a economia do país. Contudo, com o crescente entusiasmo gerado à volta do novo casal real ao longo dos últimos meses, o valor já duplicou.

Mas, afinal, como pode um casamento da realeza gerar tanto dinheiro? Logo pela curiosidade que leva muitos turistas a viajar para Inglaterra para assistir às cerimónias. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas inglês, no último casamento real, do príncipe William com Kate Middleton, houve um aumento de 350 mil visitantes no Reino Unido, em comparação com o mês anterior. 

As estatísticas iniciais da Brand Finance, uma empresa de consultadoria e avaliação de estratégias de marcas, prevêem um cenário semelhante para o próximo mês de maio, com uma subida no lucro dos setores das viagens, hóteis, restaurantes e bares. Prova disso é que a maioria dos quartos de hotel em Windsor, local onde o casamento vai ocorrer – localizado a cerca de 30 milhas a oeste de Londres – já está reservada.

Muitos são também aqueles que querem guardar uma recordação do grande dia em casa. Assim, outra fatia importante corresponde à venda de souvenirs alusivos à data, muitos com fotografias do casal, como camisolas, chapéus, toalhas de mesa e outros artigos decorativos. No casamento dos duques de Cambridge, em 2011, o comércio desse tipo de produtos rendeu cerca de mil milhões de euros. Este ano, a euforia parece ser semelhante. Após o anúncio do noivado do ‘príncipe rebelde’ com a estrela da série Suits, foram vendidas mil canecas comemorativas a 27 dólares (cerca de 22 euros) cada e esgotaram em menos de 24 horas.

Por fim, mas não menos relevante, é a publicidade gratuita do Reino Unido que um casamento real espalha pelo mundo, que deverá estar de olhos postos na cerimónia. O enlace de William e Kate prendeu ao ecrã, só nos Estados Unidos, cerca de 23 milhões de telespectadores. Já em 1981, o casamento do príncipe Carlos e da princesa Diana tinha sido visto por cerca de 17 milhões de pessoas.

O relatório da Brand Finance afirma que o evento é suscetível de provocar «um impulso na posição da Grã-Bretanha», uma vez que haverá um aumento no nível de interesse e atenção aos membros da família real britânica nos próximos meses. Aumento esse que também se deve ao nascimento do terceiro filho de Kate e William, que deverá acontecer em abril. No geral, «estima-se que a família real contribua com cerca de dois mil milhões de euros para a economia britânica este ano».

Bom para a economia ou não?

Parece óbvio que se trata de algo bom para os negócios, mas pode não ser. Muito dependerá da maneira como o Governo britânico tratará da ocasião. De acordo com a Confederação de Indústrias Britânica, a decisão de criar um feriado nacional para celebrar o casamento real de William e Kate anulou boa parte dos benefícios económicos gerados pelo evento. A organização estima que cada feriado custe mais de seis mil milhões de euros ao país. 

Anteriormente, o casamento do princípe Carlos e da princesa Diana, bem como o da sua irmã mais nova, Anne, também foram declarados feriados. Uma espécie de tradição, portanto. Mas um porta-voz da primeira-ministra Theresa May disse que, até ao momento, não há planos para transformar o dia 19 de maio num dia de folga para os britânicos.
Um casamento real pode dar um forte contributo à economia, mas vamos a contas. E despesas? Quanto custam estas cerimónias? E como são pagas? 

Segundo o Governo britânico, a conta final das cerimónias de celebração da união de William e Kate chegou a cerca de 18 milhões de euros, incluindo os gastos com a segurança, que são dos mais elevados e que se justificam com o facto de um casamento real arrastar uma multidão para ruas. Em 2011, as cerimónias do casamento de William e Kate aconteceram no centro de Londres e, segundo a imprensa britânica, estava presente nas ruas da cidade um milhão de pessoas. Foram contratados cerca de cinco mil polícias. A conta total não é conhecida, mas o Governo forneceu à polícia uma subvenção especial de cerca de quatro milhões de dólares e que foi usada para pagar horas extras aos oficiais.

Há sete anos, quase 70% do casamento real foi pago pelos contribuintes britânicos. Desta vez as coisas vão ser diferentes. O Palácio de Kesington anunciou que a família real vai pagar o enlace de maio na totalidade, incluindo a igreja, a música, as flores e a receção dos noivos. Apenas a segurança contratada para o evento vai ser paga com o dinheiro dos impostos. Alguns especialistas afirmam que o tão esperado dia terá um custo que ascende a 23 milhões de euros.