Serviços de segurança acompanham tensão entre gangues rivais

Desacatos do passado sábado no Prior Velho estão a ser analisados para prevenir novos incidentes

Os desacatos de sábado passado no Prior Velho alegadamente entre grupos rivais de motards – os Hell’s Angels e os Red & Gold, ligados aos Bandidos – estão a ser acompanhados ao mais alto nível pelas autoridades. Questionado pelo i, o Gabinete Coordenador de Segurança indicou que “a situação está a ser devidamente acompanhada pelas Forças e Serviços de Segurança, no âmbito das suas competências”. 

 As investigações às agressões no interior de um restaurante no Prior Velho entre 40 elementos alegadamente ligados aos Hell’s Angels e um grupo de cerca de dez pessoas liderado pelo ex-dirigente da Frente Nacional Mário Machado, que estará a formalizar em Portugal o grupo Red & Gold, estão a cargo da Polícia Judiciária. A PSP, que interveio no sábado, admitiu ao i preocupação com a crispação entre os grupos rivais.

Depois do incidente de sábado, Mário Machado, em liberdade condicional desde 2017, declarou à imprensa no local que haveria notícias em breve. Numa página ligada aos Red & Gold em Portugal foi publicada no domingo a frase “Keep calm we’re here to stay!!”.

Recolher evidências que permitam perceber se está a ser mobilizada algum tipo de retaliação será uma preocupação das autoridades. 

Segundo a TVI, informação que circulou nas últimas semanas nas redes sociais e que indicava que no passado sábado teria lugar uma “festa do Motorcycling Club que estamos a trazer para Portugal” terá contribuído para o incidente, já que Hell’s Angels e Bandidos têm uma rivalidade antiga a nível internacional.

O Sistema de Segurança Interna não respondeu se foi reforçado o alerta sobre este tipo movimentações e se existem indícios de maior atividade de extrema-direita no país, indicando que “qualquer informação adicional, neste momento, não se afigura oportuna”. 

 O retrato das preocupações e perceções das forças policiais e serviços de segurança é feito no Relatório Anual de Segurança Interna, que compila informação das diferentes forças. 

Por lei, este documento é entregue pelo governo à Assembleia da República até 31 de março, o próximo sábado. O i tentou ontem perceber junto do executivo quando será divulgado o RASI, sem sucesso. Em 2016, o relatório referente ao ano anterior alertou para o aumento da atividade de extrema-direita no país, sem caráter violento. 

Agressores de cinco países

Segundo o “Expresso”, os agressores que fugiram das autoridades no sábado serão portugueses, mas também alguns elementos provenientes de cinco países europeus, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Finlândia e Suécia. 

Ao final do dia, os suspeitos ainda não tinham sido detidos.

Como o i noticiou, uma das vítimas das agressões de sábado é um indivíduo de nacionalidade alemã, alegadamente ligado ao movimento a nível internacional, que as autoridades suspeitam que estaria em Portugal para oficializar a criação do grupo ligado aos Bandidos.