Manuscrito do Mar Morto em exposição revela uma história de Noé diferente

Manuscrito foi descoberto em 1947 e é agora exposto pela primeira vez

O Museu de Israel, onde estão guardados os Manuscritos do Mar Morto, está pela primeira vez a expor um fragmento do Génesis Apócrifo. "É […] o único testemunho físico deste documento no mundo inteiro", explicou ao jornal espanhol El Mundo o comissário da exposição Adolfo Roitman.

O manuscrito, que nunca esteve em exposição devido ao seu avançado estado de decomposição, vai estar exposto no museu nos próximos três meses e faz parte do conjunto de oito Manuscritos do Mar Morto descobertos na Cisjordânia, nas grutas Qumran, em 1947.

O pregaminho milenar – pensa-se que tenha sido escrito no século I antes de Cristo -, redigido em aramaico, conta os episódios entre o capítulo cinco e o capítulo quinze de Génesis, do Velho Testamento. É, segundo os entendidos, um dos manuscritos mais misteriosos: conta uma versão diferente daquela que que pode ser lida na Bíblia.

Em Génesis lê-se que, depois de ter criado o homem, deus ter-se-á arrependido e, por isso, criou condições para que ocorresse o dilúvio. Ordenou então a Noé que criasse a famosa arca, onde levaria uma casal de cada espécie animal. Noé assim fez e, quando saiu da arca, sacrificou vários animais. Esta versão apófrica, porém, conta a história de outra maneira: terá sido ainda dentro da arca que Noé sacrificou os animais. Outra diferença prende-se com o facto de, nesta versão, ser o próprio Noé a narrar a história, ao invés de ser narrada na terceira pessoa.