André Neves ataca deputados

O candidato à liderança da JSD acusa o ex-líder parlamentar Hugo Soares e os deputados Duarte Marques e Leitão Amaro de interferirem na eleição da ‘jota’. O congresso começa hoje. 

«Eles fizeram da JSD um saco de votos». A acusação é direta e foi feita em vésperas do congresso que decidirá a nova liderança da Juventude Social Democrata. Quem a faz, acompanhado com parelha de criticas, é André Neves, candidato contra a deputada Margarida Balseiro Lopes.

Ao telefone, Neves aponta baterias a «Hugo Soares, Duarte Marques e Leitão Amaro». 

«Estavam na JSD, deixaram de estar, mas querem continuar a mandar na JSD. Acham que podem continuar a nomear o presidente da JSD. Aconteceu com o Hugo Soares, aconteceu de certa forma com  o Simão (que teve de adiar uma candidatura para ir o Hugo Soares) e acontece agora com a Margarida. Há quatro anos já diziam que ela ia ser a próxima presidente. A liderança da JSD é nomeada por eles ou votada pelos militantes?», é a pergunta que fica o ar, da conversa que teve com o SOL ao telefone. «Há uma lógica dinástica, de controlo operacional».

‘Eu prefiro assumir’

Numa semana final em que a candidatura de Neves somou apoios consideráveis, o candidato afirma que teve «sempre a convicção de que chegaríamos ao congresso com delegados para vencê-lo». «Esta semana essa onda de vitória cresceu», diz.  

Neves, que foi vice-presidente da ‘jota’ na mesma Comissão Política em que Balseiro Lopes, sua opositora, foi secretária-geral, revela ter mantido «várias conversas como Simão [então presidente] demonstrando desagrado pelo caminho que estavamos a seguir».

«Eu prefiro assumir as responsabilidades de ter sido vice-presidente da JSD mas querer uma JSD melhor do que tem sido», justifica.  «Eram são coisas que para serem tratadas internamente. Não quis que a JSD fosse falada porque o André Neves se demitiu ou porque o André Neves critica», clarifica ainda, apontando a «diferentes graus de responsabilidade» dentro da estrutura liderada por Simão Ribeiro, que agora sai da JSD. O objetivo, continua, tornou-se «corporizar uma candidatura alternativa». 

«A estrutura está pior do que eu estava. É preciso um dioscurso de mudança», assume, tendo sido vice-presidente de Simão. E, segundo Neves, essa iniciativa não tem nada que ver com as eleições diretas deste janeiro, apesar de ser «apoiante de Rui Rio». «A iniciativa é até anterior à não recandidatura de Pedro Passos Coelho», admite. 

Questionado sobre o facto de Balseiro Lopes ser deputada, André Neves nega que essa diferenla seja uma «desvantagem» para si. Antes pelo contrário. «Para mim foi uma vantagem não estar no parlamento», considera, ainda ao SOL. «A JSD foi parlamentarizada. Cingiu-se ao trabalho fechado nas quatro paredes da Assembleia. Não há produção de conteúdos, centros de decisão nas distritais ou nas concelhias», lamenta. «Ir para o parlamento tem de ser algo natural. Não sou candidato para ir para o parlamento. Não fui para a JSD para ser deputado», atira. «Os militantes querem que a JSD volte para as sedes, para a rua».

Programaticamente, o candidato lembra que ele e Balseiro Lopes «pertencem ao mesmo partido», havendo «muitos pontos de convergência no modo como vemos a sociedade e o futuro da juventude». Que pontos concretamente? Neves descarta: «não tive oportunidade de ler a moção dela na integra». 

Em relação à controvérsia com as listas de delegados, Neves regressa às críticas. «A menos de 24h não há um caderno eleitoral estabilizado. Isso deve-se à amizade estreita da Margarida com a jurisdição. Alguém está com medo de perder», antecipa. 

Este domingo, saberemos.