A Entidade Reguladora para a Comunicação Social admitiu recentemente que tem capacidades muito limitadas sobre os programas de comentários desportivos. Mesmo perante o alegado papel na criação de um clima de crispação e violência no futebol, a ERC reconhece a sua reduzida intervenção e explica que quase nunca surge prova da intenção de incitamento à violência.
«Falei das dificuldades da ERC intervir no desporto, porque a esfera de intervenção efetiva resume-se ao incitamento ao ódio e à violência. E é preciso fazer prova da intenção disso, o que quase nunca acontece. Há muitos casos de arquivamento relacionados com esta temática por não terem a ver com a prática de infração, cingem-se ao direito à opinião», explicou João Pedro Figueiredo, vogal do conselho regulador do organismo, durante um conferência realizada no mês passado.
João Pedro Figueiredo acrescentou ainda que é preciso ter em conta que os comentadores não se sujeitam aos deveres de rigor informativo. «Os primeiros responsáveis para evitar a violência são os agentes desportivos: jogadores, dirigentes, estruturas. É um problema de autorregulação, em primeiro lugar; depois, quando são trazidos para a esfera pública, os órgãos de comunicação social são também cúmplices no acicatamento», explicou ainda.
Já Sofia Branco, presidente do Sindicato de Jornalistas, tem apelado a uma maior intervenção do regulador e defende que «é preciso alguma intervenção e regulação nesta matéria, por exemplo, sobre o tempo e a duração destes programas».