Altice assina acordo com sindicatos para aumentos salariais já em 2018

Impacto da medida deverá rondar os 2,5 milhões anuais. Empresa aponta ainda o dedo à Anacom.

A Altice chegou ontem a acordo com 14 sindicatos e assinou um acordo coletivo de trabalho. Trata-se, segundo a operadora, de um “entendimento inédito” no que diz respeito a matérias laborais e que foi negociado durante mais de dois meses. A empresa vai levar a cabo aumentos salariais na ordem de 1% para 10 mil trabalhadores já este ano. A dona da Meo estima um impacto de 2,5 milhões de euros anuais nas suas contas. 

De acordo com Alexandre Fonseca, CEO da empresa este é “mais um sinal de que, com o aumento da comunicação e abertura ao diálogo, estamos a caminhar no bom sentido. Sempre dissemos que a estabilidade laboral e o diálogo e paz social fazem parte dos pilares chave da estratégia deste Comité Executivo. Termos alcançado com todas as estruturas sindicais este Acordo Coletivo de Trabalho é mais uma prova desse compromisso”.

Este acordo prevê aumentos salariais, por escalões, para a maioria dos trabalhadores no ativo que começam nos 4% para salários mais baixos, o acréscimo de um dia de férias (indexado à assiduidade) e o reforço da proteção da parentalidade, da conciliação entre a vida pessoal e profissional e de medidas de responsabilidade social. Ao mesmo tempo serão criadas condições mais atrativas em determinados regimes de trabalho caracterizados por penosidade acrescida, melhores condições de acesso à reforma e a revisão dos benefícios de comunicações concedidos.

Face a estas alterações, a Altice garante que “é clara e inequívoca a aposta nos trabalhadores e no compromisso com a empregabilidade, a gestão responsável de recursos humanos e a visão estratégica para o negócio em que opera”.

Operadora critica regulador

A empresa acusou a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) de ter “dificuldade em compreender o que é a mecânica do mercado” relativamente às ligações por restabelecer em zonas afetadas pelos incêndios de 2017, assunto que “está sanado”.

Na altura, a Anacom contava cerca de 1.300 ligações por restabelecer, mas esse número baixou para 970, isto tendo em conta os dados mais recentes divulgados em junho.

“Portugal tem, naquelas regiões do país, um fenómeno ainda hoje de alguma desertificação, o fenómeno da emigração foi um flagelo que afetou aquelas zonas, e sabemos que em julho, agosto e setembro vamos ter pessoas que voltam às suas casas, algumas delas danificadas ou ardidas, e que nos estão a contactar para pedir e agendar a seu pedido essas ligações”, justificou Alexandre Fonseca.

O responsável destacou que este “é um processo normal, que acontece todos os anos, não foi pelos incêndios de 2017”, já que “todos os anos existem acidentes [como] um poste que cai, um acidente que corta o cabo e quando as pessoas voltam, meses depois, têm de se repor as ligações”.