O dinheiro utilizado para a reconstrução das casas que arderam no incêndio de Pedrógão Grande, a 17 de junho do ano passado, terá sido desviado para as obras de casas que não eram de primeira habitação, denuncia esta quinta-feira a revista Visão.
A hierarquização das casas prioritárias terá sido contornada: houve quem alterasse a morada fiscal depois do incêndio para ver na fila da frente das recuperações e há ainda acusações de favorecimento e compadrio. Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), admite mesmo que possam ter sido intervencionados imóveis que nem tinham ardido e que as regras poderiam ser mais apertadas.
A resposta do governo ao problema foi de que nunca recebeu qualquer denúncia. Já a Câmara Municipal de Pedrógrão Grande não chegou a responder.
Numa situação denunciada pela revista Visão, um homem terá conseguido apoio para reconstruir a sal casa que estava inabitada desde a morte do pai, depois de mudar a sua morada fiscal. Há ainda quem viva em França, tenha morada fiscal nesse país e mesmo assim tem a sua casa reconstruída. Segundo as contas, os esquemas chegam a atingir 5% dos casos o que representa cerca de meio milhão de euros.
Apesar de haver casas que já estão habitáveis, há ainda situações em que as vítimas dos incêndios vivem com familiares, vizinhos ou até mesmo em tendas por não terem as obras de sua casa terminadas.