Portugal Musical

Em Portugal não faltam eventos musicais, sobretudo durante o Verão. Dos grandes festivais como o NOS Alive ou o MEO Sudoeste, ao Festival ao Largo Millennium e Jardim de Verão da Gulbenkian, passando pelas Músicas do Mundo em Sines ou o Festival do Crato, há oferta para todos os gostos e (quase) todas as carteiras.…

Em Portugal não faltam eventos musicais, sobretudo durante o Verão. Dos grandes festivais como o NOS Alive ou o MEO Sudoeste, ao Festival ao Largo Millennium e Jardim de Verão da Gulbenkian, passando pelas Músicas do Mundo em Sines ou o Festival do Crato, há oferta para todos os gostos e (quase) todas as carteiras. É difícil escolher e impossível estar em todos. 

A música é, a par do futebol, o território onde as marcas mais querem estar. As marcas procuram este público para criarem experiências, gerarem conteúdos, estreitarem relações com os seus públicos, construírem e reforçarem os seus valores.

O público agradece a presença das marcas, sempre que melhoram a sua experiência do evento ou do conteúdo, pelo menos até ao ponto em que se tornam intrusivas – o que é tão verdade para a música como para qualquer outro conteúdo. Para os promotores de eventos, o interesse e participação das marcas é fundamental não só porque aumentam a visibilidade, a qualidade da experiência do evento e, claro, um impacto financeiro que permite contratar artistas de topo, montar melhores palcos e oferecer melhor som.

Uma das formas de medir o retorno deste investimento é a cobertura mediática. A CISION avalia em cerca de 100 milhões de euros o retorno obtido pelas marcas que se associaram aos festivais e concertos em 2017. E esta é apenas uma métrica, que não avalia o impacto da interação das marcas com os festivaleiros, um aspeto mais qualitativo e ainda mais importante do que as notícias.

Mas o papel da música na economia e na sociedade portuguesa ainda pode ser maior. Será que não podemos trabalhar a nossa oferta musical como um grande argumento de atração de turistas?

Segundo o INE, o turismo representou cerca de 12,5% do PIB, cresce em todos os indicadores relevantes, um contributo único para o crescimento do país. Portugal há muito que deixou de ser percebido com o país do sol e da sardinha, mas a nossa oferta continua muito ancorada no património histórico e natural. 

Recentemente Álvaro Covões, responsável da Everythingis New e seguramente uma das pessoas que mais tem desenvolvido a cena musical em Portugal, declarou que os mercados internacionais já têm um peso significativo no que respeita à compra de bilhetes de concertos. Mas também disse que à nossa oferta turística falta conteúdo e creio que este é um ponto fundamental para conseguirmos, no médio e longo prazo, assegurar que Portugal continua a ser um destino muito considerado nas escolhas dos viajantes. Temos poucos conteúdos, talvez mesmo nenhum, que seja tão abrangente e bem trabalhado como a música. E, ao contrário do futebol, o calendário musical português pode rivalizar com o de qualquer outro país. 

O Turismo de Portugal já trabalha para promover o calendário de festivais portugueses além-fronteiras, através da iniciativa Portuguese SummerFestivals. Infraestruturas como a Casa da Música ou o Altice Arena têm condições que rivalizam com qualquer outra sala de espetáculos no mundo inteiro. Temos ainda o Fado, património da humanidade, que já atrai muitos turistas ao seu museu e às casas da especialidade dos bairros mais típicos de Lisboa. E, last but not least, uma nova geração de músicos portugueses com ideias originais de grande qualidade, com enorme potencial para exportação, assim o queiram.

Uma das respostas mais comuns à pergunta que tipo de música gostas é «um pouco de tudo» ou «sou muito eclético nas minhas escolhas musicais». Esta é a beleza da música, uma linguagem universal, que nunca para de crescer e que nos pode acompanhar em todos os momentos. A música é um pouco como o nosso país, também tem um pouco de tudo e que, apesar deste Verão farrusco, oferece muitos dias de sol. 

Será a relação do nosso país com a música uma simbiose perfeita? O Alive garante, todos os anos, o melhor cartaz sempre, com bandas, experiências e marcas diferentes. Já os Jerónimos, um monumento esplendoroso, é igual há 500 anos e dificilmente motiva uma visita anual a um casal alemão. Em 2018 o NOS Alive trouxe os PearlJam, em 2019 vêm outros, mas faremos o caminho pelo recinto contemplando o rio e claro, o Mosteiro dos Jerónimos. A propósito de um evento conhecemos um país e em Portugal temos grandes eventos musicais.

*Responsável Planeamento Estratégico do Grupo Havas Media