Chegou agosto…

Um canal de televisão pôs no ar um programa sobre turismo, a propósito da época que passa e da avalanche de gente que ameaça invadir a nossa terra. A análise das vantagens e desvantagens associadas à descoberta de Portugal como destino de eleição incluiu reportagens dos diversos pontos de passagem dos turistas, das cidades ao…

Um canal de televisão pôs no ar um programa sobre turismo, a propósito da época que passa e da avalanche de gente que ameaça invadir a nossa terra. A análise das vantagens e desvantagens associadas à descoberta de Portugal como destino de eleição incluiu reportagens dos diversos pontos de passagem dos turistas, das cidades ao campo, das praias aos museus, dos parques de campismo aos concertos, e também debate entre os especialistas convidados. A receita habitual…

Com tanta coisa que se diz, a favor, contra e assim-assim, resolvi dar atenção a uma discussão entre pessoas que sabem do que falam, consciente de que cada um estava ali para defender a sua dama. No essencial, não fiquei desapontado. Fez-se alguma luz sobre as questões de maior relevância e quem se interessa pelo assunto terá ficado na posse de algo mais do que palpites de autocarro, ou protestos de quem se sente incomodado… por estarem sete estrangeiros na fila para os gelados.  

O meu ponto de vista é o do cidadão comum, sensível ao que se passa à sua volta. Não milito em cruzadas anti-turismo e não tenho preconceitos em relação a quem fala uma língua diferente da minha; todavia, ao olhar aquelas imagens, senti um desconforto que não esperava. Porventura, o incómodo terá sido de ordem estética, provocado pelo desfile de criaturas que desfeiam paisagens que me são queridas. Parafraseando Vinicius: Turistas… turistas? Melhor não tê-los! Mas, se os não temos, como sabê-lo? 

Para deixar claro o meu ponto, declaro que sou ferozmente anti-fardas. 

Respeito as dos militares, polícias, bombeiros e filarmónicas, e por aí me fico. Tudo o mais me parece assaz ridículo, da Confraria da Cerveja aos Cavaleiros da Ordem de Malta, ou aos rituais da Maçonaria. 

Neste último caso, confesso-me incapaz de compreender a liturgia dos ‘templos’. Para quê os aventais? Para os irmãos ficarem mais inteligentes? Não creio, porque não ficam. Para obrigar à disciplina, quando chega a hora de distribuir benesses e honrarias, em que a agremiação parece pródiga? Talvez. Mas, para quê a encenação, se tudo é previamente concertado para evitar disputas entre gente que carrega uma gula insaciável?

A divagação veio a propósito das modernas fardas para fazer turismo. 

Equipamento base: telemóvel, vara para as selfies, bolsa a tiracolo, chapéu ridículo, chanatas gastas, roupa suja, barba de 15 dias, ausência de duche e de pente no cabelo… uma indumentária que faz os indígenas parecerem príncipes da elegância. Nos dias em que o calor aperta, tudo piora. Se a toilette fazia algum sentido na última olhadela ao espelho, o despir das t-shirts revela despojos mais indicados para enfeitar os espantalhos nas hortas que para pendurar no corpo.  

Para o relaxamento que se deseja em tempo de férias, justifica-se o uso de roupa cómoda e informal. Nada a opor. Infelizmente, o que mais se vê dá pelo nome de mau gosto, desleixo e sujidade. Não estão em causa as pessoas, certamente estimáveis – a embalagem é que não as recomenda. E o cheiro também não…