O colapso da CP – Comboios de Portugal -, é cada vez mais evidente: as carruagens e os comboios a circularem são cada vez menos, avarias devido à idade e desgaste, a falta de segurança e investimento que os utentes sentem. Tudo isto faz gerar inúmeras queixas, nas várias linhas ferroviárias por todo o país.
Na Linha de Sintra, as queixas surgem por parte dos utentes e autarcas devido às supressões e às substituições por autocarros, às avarias, ao desgaste das carruagens, à redução dos horários, às estações encerradas e à falta de pessoal.
Quanto à Linha de Cascais, o representante da Comissão de Utentes, José Medinas, diz que existe falta de investimento: “Temos situações de avarias frequentes por, na nossa perspetiva, falta de investimento da CP na linha. […] O que é facto é que acontecem frequentemente acidentes na linha e a empresa que trata das questões da manutenção da linha tem feito autênticos milagres com as composições que têm 50 e tal, 60 anos e isto não pode continuar, porque nós somos utentes e queremos a linha de Cascais a funcionar em pleno”. Para além disto, acrescentou que regularmente se registam situações de “falta de segurança e condições” e, também, que devido ao calor há “utentes que desfalecem” no comboio.
Pelo fim da concessão da exploração à Fertagus e a integração do serviço da CP, na Linha do Sado, a Comissão de Intentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS) afirma que “o problema mais gritante é mesmo a falta de investimento”. A CUMTS refere que a Fertagus e a CP "têm realidades muito distintas, quer no Eixo Ferroviário Norte-Sul, quer na Linha do Sado, quer nos comboios de longo curso", realçando que “na Linha do Sado, por exemplo, temos uma via que foi requalificada, mas continuamos a ter material circulante muito velho e degradado, sem condições. Já no transporte suburbano no Eixo Ferroviário Norte-sul, que é operado pela Fertagus, temos composições modernas e estações com alguns problemas, mas ainda assim com poucos anos de idade, e depois temos preços muito caros”.
Na Linha do Norte, em Santarém, o Movimento dos Utentes dos Serviços Púbicos (MUSP) mostra-se preocupado com a degradação da ferrovia, a insegurança, a falta de manutenção e a requalificação de estações. De acordo com o porta-voz do MUSP, Manuel Soares, em declarações à agência Lusa, o principal problema está no "troço entre Santarém e o Entroncamento, um trajeto de cerca de 35 quilómetros que nunca chegou a ser intervencionado para poder suportar maiores velocidades do material circulante”.
Manuel Soares refere ainda que é necessária a “requalificação de estações, nomeadamente a de Santarém, Mato de Miranda e outras”, como “cais de embarque e zonas de estacionamento das estações de Riachos, Rossio ao Sul do Tejo e outras mais que estão votadas ao abandono”.
Quanto aos Intercidades, a CP opera com comboios com mais de 50 anos, no trajeto Beja – Lisboa. À Lusa, o porta-voz do movimento de cidadãos “Beja Merece +”, Florival Baiôa, afirma que o serviço “tem vindo a degradar-se, a piorar”, e afirma que “é vergonhoso e já revoltante”.