Cristina, o petróleo de Carnaxide

Balsemão comparou a contratação da apresentadora à aquisição da Liga dos Campeões

Não encontrámos petróleo em Carnaxide», disse o presidente executivo da Impresa (dona da SIC) sobre o salário de Cristina Ferreira. Foi a primeira vez que Francisco Pedro Balsemão falou sobre a transferência ‘milionária’ da estrela para a sua estação de televisão.

«Não encontrámos nenhum furo de petróleo em Carnaxide ou Paço de Arcos, como chegou a ser dito. Simplesmente, fizemos uma análise do custo/benefício antes da contratação, e chegámos à conclusão de que a Cristina Ferreira nos vai trazer retorno», disse Balsemão, comparando ainda a contratação da apresentadora à «aquisição da Liga dos Campeões ou da Liga Europa», mas «a um custo mais barato».

O tema dos valores da contratação foi discutido no Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, a decorrer no CCB.

Conheci o trabalho desta associação através do presidente da dita, Diogo Vasconcelos, nas palavras da Wikipédia que eu cito por facilidade: «Foi um político e empreendedor português, tendo estado envolvido no setor dos media, ambiente e tecnologias de informação. Nos últimos anos focou o seu trabalho na inovação e no papel da fibra ótica, que, como a banda larga, poderia ser crucial para a resposta aos problemas sociais das próximas gerações. No decorrer das suas funções como diretor na Cisco Systems, abordou áreas tão diversas como alterações climáticas, planeamento urbano, globalização, população sénior, crescimento sustentável, democracia e participação cívica, tendo colaborado com vários Governos na Europa e Médio Oriente, a Comissão Europeia, o UN’s High Commissioner for the Alliance of Civilizations ou a OCDE, entre outros. Foi fundador da UMIC e consultor do Presidente da República e da Comissão Europeia».

Morreu precocemente a 8 de julho de 2011. Foi um dos grandes portugueses na área da inovação e do digital, e pioneiro na disseminação destas matérias no país. Daí esta minha singela homenagem – que me perdoem os leitores, mas é justíssima.

Todos os anos têm lugar, em dois dias consecutivos, dois dos mais aguerridos debates que acontecem em Lisboa. O debate do estado dos media e o debate do estado das telecomunicações.

O debate dos media debateu o ‘petróleo das TVs’, seja Cristina Ferreira ou a Liga dos Campeões, mas debateu também a recusa da gigante tecnológica Google em pagar aos produtores de conteúdos, a reivindicação do presidente da RTP de aumentar a taxa audiovisual e de voltar a introduzir publicidade nos outros canais da RTP, perante os concorrentes que a acusam de concorrência desleal.

Sobre o debate do estado das telecomunicações – um pugilato verbal sofisticado entre os três patrões das operadoras do setor – escreverei brevemente. 

sofiarocha@sol.pt