Elon Musk: De génio a louco

A figura de proa da empresa norte-americana salvou a empresa, que esteve para ser vendida à Google, várias vezes. No entanto, há quem acuse o magnata de ter perdido o caminho.

Não há forma de contar a história da Tesla sem a cruzar constantemente com o nome de Elon Musk. A empresa começou por se dedicar à produção de carros ecologicamente sustentáveis, com tecnologias testadas em laboratórios próprios. O primeiro modelo produzido foi o Roadster, ao qual se seguiu o Model S, em 2008, exatamente o ano em que Musk se apresentou como CEO da companhia. Já estávamos em fevereiro de 2009 quando a empresa registou lucros pela primeira vez. Em 2010, estava a entrar na bolsa. Dois anos depois, nascia uma nova aposta: o Model X.

Em 2013, a crise bateu à porta da empresa, que chegou a estar perto de ser vendida à Google. No entanto, o negócio acabou por não avançar e dois anos depois foi lançado um novo produto: a Powerwall, um conjunto de baterias domésticas, e o sistema de piloto automático. O caminho da ascensão estava aberto. O ritmo de crescimento manteve-se e, em 2016, foi lançado o Model 3. Foi então que as atenções se viraram todas para a empresa e as vendas do Model X e S dispararam.

No entanto, aquele que, em 2004, foi o autor do primeiro grande financiamento da empresa, parece ser agora o responsável pela nova crise. Depois de ‘salvar’ a empresa, há quem garanta que pode ser o responsável pela destruição.

Numa entrevista ao New York Times, o CEO acabou por surpreender muitos com as declarações que fez. A figura de proa da companhia descreveu o último ano como «angustiante» e revelou estar exausto. Além disso, Musk acabou por admitir o uso de fármacos para dormir. As declarações assustaram amigos e até membros do conselho, que temem as consequências do uso de drogas recreativas e ansiolíticos na tomada de decisões. Para Musk, em termos operacionais, o «pior já passou», mas «em termos de dor pessoal, o pior está para vir».

Muitos apontam para o excesso de ideias e projetos do magnata. Elon Musk parece estar em todo o lado e a toda a hora. Além da Tesla e da SpaceX, é fundador da Boring Company, conhecida pela construção de infraestruturas. Além disso, é ainda cofundador da Open AI, uma instituição que investiga e desenvolve sistemas baseados em inteligência artificial.

Para ser fiel a tudo o que já fez, pode ser necessário conseguir criar uma receita que junte carros elétricos, foguetes espaciais, robôs, baterias solares e dinheiro a perder de vista. Mas o empresário que sempre disse que não estaria feliz até «escaparmos do planeta terra e colonizarmos Marte», nem sempre teve a vida que muitos possam pensar. Quando a Business Insider fez uma lista dos acontecimentos mais marcantes da vida de Elon Musk, destacou um ponto com que muitos não contavam: Musk ficou marcado pelos anos em que sofreu de bullying na escola. A publicação garante mesmo que Musk chegou a ser atirado das escadas e, numa das vezes, foi agredido de tal forma que teve de ser hospitalizado. Numa entrevista em que o questionaram sobre a infância, o magnata chegou a admitir que não é uma altura de que tenha boas recordações: «Era tudo horrível».

Nascido na África do Sul, Elon Musk mudou-se para o Canadá aos 17 anos para estudar física e economia. Algum tempo depois, tinha um novo destino: EUA.

Quando fez 31 anos tinha já uma fortuna avaliada em mais de 165 milhões de dólares e fama de trabalhador implacável, além de ter no curriculum uma lista invejável de empresas que tinha criado. Entre elas, estava o eBay. Na criação de um dos projetos, o Zip2, Elon Musk chegou a dormir no escritório e a tomar banho numa associação: «Se algumas pessoas trabalham 40 horas por semana e tu trabalhas 100, consegues, em quatro meses, o que as outras demoram um ano a fazer».