Um dos sindicatos da companhia de aviação francesa Air France solicitou à direção da empresa que os salários dos trabalhadores não sejam aumentados. Este pedido surgiu dois dias antes da abertura das negociações salariais com a administração e é reflexo do clima social que se vive dentro da companhia, diz a Mediapart.
Os nove sindicatos estão a negociar um possível aumento salarial, uma discussão provocada pela última greve geral, que paralisou os aviões desde fevereiro até maio e resultou num prejuízo que superou os 335 milhões de euros, segundo um balanço publicado pela Air France.
O movimento de pilotos, pessoal de cabina e funcionários de terra levou ainda à demissão do então presidente, Jean-Marc Janaillac, em maio. No final de agosto, os sindicatos mostraram disposição de retomar a greve, caso a nova direção, agora sob o comando de Ben Smith, não queira negociar.
Na última segunda-feira, o sindicato CFE-CGC, a principal força sindical da companhia francesa, enviou um email a Ben Smith com a sua posição, especialmente em relação ao aumento dos salários: “Não queremos dar razão à intersindical por um gesto qualquer.” Caso se processe algum avanço, o sindicato pede que esperem “até ao final do ano para não comprometer sindicatos responsáveis”. Se tal não acontecer, “o nosso sindicato não estará lá para o acompanhar”, concluiu Bernard Garbiso, secretário-geral do CFE-CGC. O sindicato ressalta que não concorda com as propostas salariais a curto prazo, já que elas colocariam em risco o investimento e o desenvolvimento da Air France. “Existem razões relacionadas com a estratégia da empresa”, diz.
Tanto o CFE-CGC como o sindicato CFDT tinham apoiado o acordo proposto em abril para um aumento imediato de 2% nos salários e 5% a partir de 2019, criticando de forma veemente a prolongada greve deste ano.
Este pedido do sindicato surge na sequência de uma reunião entre os sindicatos e a direção da Air France, que propôs uma subida salarial de 2%, com caráter retroativo a 1 de janeiro de 2018, e de 2% a partir de janeiro do próximo ano. Os trabalhadores estão com as carreiras congeladas há seis anos.