E depois do fim, no coração vai Lisboa

Bonita, pouco lotada e com muito boa comida. A opinião de quem chega a Lisboa para a Web Summit tem mais prós do que contras. Depois de uma semana de ‘networking’ há até quem já pondere trazer para a capital portuguesa o seu projeto.

E depois do fim, no coração vai Lisboa

Não sobra muito tempo para visitar a cidade a quem vem à Web Summit, mas cada pequeno intervalo serve para explorar a capital portuguesa, que há dois anos é o palco da maior cimeira tecnológica do mundo. Em Lisboa estiveram cerca de 70 mil pessoas, vindas das mais variadas regiões do planeta. Umas chegaram pela primeira vez, outras são já fãs tanto do evento e da cidade.

É o caso de Sergiu Rusu. Tem 33 anos e esta é a segunda vez que marcou presença na Web Summit. Vem de Chisinau, capital da Moldávia, mas sítios como o Bairro Alto, Cais Sodré e Lx Factory vão-lhe ficar na memória. «No ano passado andei aleatoriamente pela cidade, sem GPS», recorda enaltecendo a beleza de Lisboa. Os pontos turísticos da cidade e os bairros típicos são os locais que mais vezes se ouvem quando a pergunta é «qual o sítio preferido de Lisboa». Belém, Rua Augusta, Graça, Castelo de São Jorge são alguns exemplos.

Kevonne Martin, de 23 anos, só conseguiu visitar a cidade no final do evento. O Castelo era paragem obrigatória antes de regressar à Kingston, na Jamaica. No entanto, para Valentin Toc, voluntário na Web Summit, natural da Roménia, o que mais o fascinou foi a gastronomia. «Já visitei mais de 30 países e Portugal está em primeiro lugar no que toca a comida», diz referindo que optou sempre por restaurantes locais e não deixou de provar o tradicional bacalhau. «Uma das coisas maravilhosas é que Lisboa tem muito boa comida e mais acessível», diz Olive Turon, que veio de Londres e que representa a Google UK no evento. «Qualquer coisa comparada com Londres é acessível», acrescenta.

Mas se para muitos a capital portuguesa é acessível, para outros nem tanto. Thanh Le, do Vietname, ainda não fez as contas às taxas de conversão, mas sabe que vai gastar mais do que estava à espera. «Para nós, a União Europeia é sempre mais cara», afirma, acrescentando que comparativamente a Madrid, onde esteve anteriormente, os preços não diferem muito.

Quanto ao alojamento, os preços podem variar: há quem consiga uma estada por 10 euros por noite, num hostel, e quem prefira arrendar um apartamento dividindo com colegas, ficando a semana a cerca de 200 euros a cada pessoa. Kevonne Martin, destaca a localização. «Ficámos alojados na parte antiga da cidade, que é muito bonita», explica enquanto recorda que arranjar alojamento não foi difícil. No entanto, para Masoumeh Maghaddam a experiência com o hotel não foi a melhor. «É caro, 90 euros por noite, e não é muito bom», diz a empreendedora de nacionalidade iraniana que vive na Alemanha.

Na mala, Masoumeh leva um azulejo típico português como recordação. Já Kevonne leva uma proposta de trabalho em Portugal. «Estamos a pensar trabalhar em Lisboa porque é uma cidade muito atrativa para startups. Tem bom ambiente, apoios e incentivos», enumera. Para além disso, a possibilidade de entrar no mercado da União Europeia é também algo a favor. O empreendedor jamaicano não sabia «que a cidade era tão tecnológica» e ficou surpreendido quando a Web Summit passou para a capital portuguesa. Para Sergiu, o futuro da sua startup não passa por Portugal. «Poderia viver aqui três, quatro ou cinco anos, mas, quanto à startup, o melhor é continuar no meu país porque ainda nos estamos a expandir», explica. 

Todos tecem inúmeros elogios ao evento. Masoumeh considera que a cimeira tecnológica é uma feliz combinação. «É um ótimo sítio porque se combina entre exposição tecnológica e conferências. Normalmente os eventos só têm uma das coisas». Os empreendedores realçam que as oportunidades e os contactos angariados durante o evento são cruciais para o desenvolvimento dos seus projetos. A dimensão da Web Summit torna-se também ela avassaladora. E é por isso que Sergiu, que veio pela segunda vez ao evento, não consegue encontrar diferenças entre as duas edições, em Portugal.

Para muitos a escolha de Lisboa como palco da Web Summit foi uma decisão acertada. A cidade não tem muita gente, um ponto a favor. Contudo, é para quem vive na cidade ou para quem a visita nestes dias fora do contexto da cimeira que os constrangimentos podem ser maiores. «A cidade sofre por causa de tanta gente», remata Masoumeh.