Patrões recusam propostas de subida do salário mínimo acima de 600 euros

No dia em se iniciam as negociações para o aumento do salário mínimo em sede de Concertação Social, patrões reivindicam apoios do governo em sede fiscal

A Confederação Empresarial de Portugal – CIP e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) recusaram esta terça-feira a proposta de subida do salário mínimo nacional para valores acima dos 600 euros já em 2019.

No dia em que vai começar a ser discutido em Concertação Social o aumento do rendimento mínimo, os parceiros sociais recusaram as propostas apresentadas pela CGTP e UGT por não serem viáveis para as empresas.

Recorde-se que o governo tem previsto um valor de 600 euros para o salário mínimo no seu programa, mas tanto a CGTP como a UGT exigem uma subida para os 650 e 615 euros, respetivamente, já em janeiro.

António Saraiva, presidente da CIP, recuou face às suas declarações em julho deste ano em que admitiu a possibilidade de ir além dos 600 euros, dizendo agora que não existem condições para ultrapassar esse valor.

“Esperava com alguma expectativa que o Orçamento do Estado nos trouxesse agradáveis surpresas e motivos para que as empresas, ajudadas desde logo em sede fiscal, o pudessem fazer, como isso não aconteceu frustraram-se as minhas expectativas e desapareceu o meu otimismo em relação ao tema”, disse António Saraiva antes da reunião.

Para o presidente da CIP, as propostas sindicais “não são viáveis porque os indicadores têm que ser mensuráveis e a política salarial e dentro dela o salário mínimo nacional, tem de ser indexado à produtividade, ao crescimento económico e à inflação”.

Também João Vieira Lopes, presidente da CCP, afirmou que o rendimento mínimo “tem de ser indexado à produtividade, ao crescimento económico e à inflação”. O aumento para 600 euros será aceite pela CCP, “acima disso é complicado, não para todas as empresas, mas para algumas”.

Já do lado dos sindicatos, a reivindicação é que seja ultrapassado a linha dos 600 euros. “Era importante que neste último ano de legislatura houvesse a capacidade de a Concertação Social dar um passo para além dos 600 euros”, disse Carlos Silva, líder da UGT. Arménio Carlos defendeu que “é necessário aumentar o salário mínimo”, reforçando os 650 euros como “um valor adequado”.