Produção automóvel em Portugal cresce 80% até outubro

Quase 97% dos veículos produzidos são para exportação. Produção bate recordes numa altura em que a Autoeuropa não consegue escoar os veículos face à greve dos trabalhadores do Porto de Setúbal.

A produção automóvel em Portugal disparou. Nos primeiros dez meses foram produzidas quase 248 mil unidades, o que representa uma subida de 80,3% face a igual período do ano passado. Os dados foram revelados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

Só em outubro, foram produzidos 27751 veículos, uma subida homóloga de 39,2%. Nos ligeiros de passageiros o aumento foi de 23,4%, para 19.266 unidades, enquanto nos comerciais ligeiros a produção mais do que duplicou, passando de 3.827 para 7.897 veículos. Já no segmento de pesados, as 588 unidades produzidas traduzem uma subida de 18,5% face a igual período do ano passado.

Do total de veículos produzidos, 96,8% destinaram-se a exportações, que registam uma subida homóloga de 82,4% face a 2017. A Europa é o destino da mais de 90% das exportações, com destaque para a Alemanha (21,3%), França (14,5%), Itália (11,4%), Reino Unido (11,1%) e Espanha (9,7%).

Estes níveis recorde de produção ocorrem, numa altura, e que as vendas de automóveis no mercado nacional têm vindo a cair. As vendas de automóveis caíram em outubro, pelo segundo mês consecutivo, ao registar uma quebra de 9,1%. Nesse mês foram matriculados no cerca de 17800 veículos, de acordo com os dados da ACAP. No que diz respeito aos ligeiros de passageiros, os veículos matriculados não chegaram a atingir os 14 mil, o que se traduz numa queda homóloga de 12,2%.

Estes valores, de acordo com a associação, representam uma “correção” relativamente a agosto, altura em que as vendas dispararam 28% devido à antecipação da entrada em vigor das novas regras para medição das emissões de CO2.

Problemas de escoamento

Grande parte da produção automóvel tem como origem a Autoeuropa que se vê a braços com um problema de exportação face à paralisação do porto de Setúbal. Face a estes constrangimentos, a administração da fábrica de Palmela já veio garantir que está a ponderar avançar para outras alternativas, como é o caso de Vigo e de Santander, em Espanha. No entanto, a empresa deixa uma garantia: a estratégia não é sustentável porque, além dos atrasos, implica uma despesa acrescida.

O que é certo é que ainda esta segunda-feira, as viaturas da Autoeuropa estavam paradas no porto de Setúbal com os trabalhadores a cumprirem o 14º dia de paralisação. Em causa está um diferendo laboral entre um grupo de estivadores precários e a empresa de trabalho portuário Operestiva. E para já dizem que não desmobilizar até ser encontrada uma solução. “Até resolverem a situação do que foi dito de meterem aquele pessoal estamos parados. Até vir uma solução dos patrões, estamos parados. Aqui, na parte da AutoEuropa, estamos totalmente parados”, afirmaram. 

Sm revelar qual o impacto na economia da greve, o ministro Adjunto e da Economia Pedro Siza Vieira deu conta de que o Governo está a tentar reduzir os efeitos negativos da paralisação. Para isso, o governo está em contacto com a Autoeuropa para assegurar que o escoamento da empresa continua apesar da greve no Porto de Setúbal.