Síria. Estado Islâmico derrotado mata cinco soldados americanos

Donald Trump ordenou a retirada das forças dos EUA porque o grupo islamita estava vencido, mas um bombista suicida veio provar o contrário

Um bombista suicida fez-se explodir ontem na cidade de Manbij, no norte da Síria, matando 20 pessoas, entre elas cinco soldados norte-americanos. O ataque reivindicado pelo Estado Islâmico é aparentemente o mais sangrento para as tropas norte-americanas desde que o primeiro contingente chegou à Síria em 2015 e chega numa altura em que o presidente Donald Trump ordenou a retirada dos soldados porque o grupo jihadista estaria derrotado.

O atentado ocorreu num restaurante frequentado habitualmente por soldados dos EUA quando estão em patrulha: “Efetivos dos EUA foram mortos numa explosão quando conduziam uma operação de rotina na Síria”, disse o quartel-general da luta contra o Estado Islâmico em Bagdad, numa declaração colocada na sua página do Twitter.

O presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, não acredita que este incidente, apesar da sua gravidade, faça os EUA mudar de ideias quanto à retirada das suas tropas da Síria.

“O ataque em Manbij poderá ter sido feito para afetar a decisão de Trump de sair da Síria. Mas, tendo em conta a determinação do Sr. Trump, não acredito que haja um recuo face a este ataque terrorista. De outra forma, representaria uma vitória para o Estado Islâmico”, afirmou Erdogan.

A Turquia está a preparar tudo para a sua ofensiva contra os curdos assim que as tropas norte-americanas retirarem da Síria. Às portas de Manbij, os rebeldes apoiados por Ancara estão acampados à espera da luz verde para iniciar a ofensiva contra as forças curdas apoiadas pelos EUA que há dois anos controlam esta cidade estratégica do norte.

Erdogan quer estabelecer uma zona de segurança no interior da Síria, para se acautelar de qualquer apoio das forças curdas da síria ao PKK, o movimento turco que luta pela pela autodeterminação dos curdos da Turquia. O presidente turco falou por telefone com Donald Trump sobre o assunto na terça-feira, de acordo com o seu relato.

Uma zona de segurança turca que os curdos sírios se recusam a aceitar nesses termos, estando mais propensos a essa ideia se fosse controlada por capacetes azuis da ONU. “Outras hipóteses são inaceitáveis porque infringem a soberania da Síria  e a soberania da nossa região autónoma”, afirmou à AFP o político curdo-sírio Aldar Khalil.

A zona de segurança de 20 milhas (32 km) para lá da fronteira turco-síria foi uma sugestão de Trump durante a conversa telefónica, um dia depois de ter ameaçado Ancara com a “devastação económica” se o seu exército atacasse as forças curdas aliadas dos EUA, o YPG, parte das Forças Democráticas Sírias.

“Falei com o presidente Erdogan da Turquia para o informar sobre a nossa posição em todas as matérias, incluindo as nossas últimas duas semanas de sucesso no combate contra o que resta do Estado Islâmico e a zona de segurança das 20 milhas”, escreveu Trump no Twitter.

Mike Pompeo, o secretário de Estado, disse ontem na Arábia Saudita, que falou com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, sobre a “metodologia precisa” para implementar a zona de segurança. 

“O objetivo do presidente para lá, penso eu, é aquilo que falamos há algum tempo, queremos ter a certeza que as pessoas que combateram connosco para derrubar o califado do Estado Islâmico tenham segurança e que os terroristas que atuam a partir da Síria não sejam capazes de atacar a Turquia”, explicou Pompeo.