Turismo. Sem “efeito Carnaval”, dormidas e proveitos abrandam em fevereiro

Depois de ter fechado 2018 com uma estagnação do número de dormidas, o setor voltou a dar sinais de abrandamento. Em fevereiro, Portugal recebeu 1,3 milhões de hóspedes que foram responsáveis por 3,3 milhões de dormidas. 

A hotelaria nacional recebeu, em fevereiro, cerca de 1,3 milhões de hóspedes, responsáveis por 3,3 milhões de dormidas, o que representa uma quebra de 1% face a igual período do ano passado. Já os proveitos totais aumentaram 4,4%, para 172 milhões de euros, um recuo face à subida de 8,8% que tinha sido registada em janeiro. Os dados foram revelados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e mostram um abrandamento do setor depois de ter fechado 2018 com uma estagnação do número de dormidas. Ainda assim, o efeito Carnaval poderá explicar, em parte, esta quebra. Isto porque, no ano passado, o Carnaval foi celebrado em fevereiro, o que não aconteceu este ano. 
A estada média no alojamento turístico (2,42 noites) também caiu, 3,8%, devido às reduções quer dos residentes (menos 2,5%), quer dos não residentes (menos 5,5%).

Em termos de preços, cada hóspede pagou, em média, 27,3 euros por quarto a nível nacional. Mas, analisando a zona de Lisboa, esse valor subiu para 45,2 euros. Destaque ainda para a Região Autónoma da Madeira, onde os preços subiram 7,4% para 36,9 euros.

Em fevereiro, o mercado interno apenas contribuiu com um milhão de dormidas, o que representa um decréscimo de 2,6% (em janeiro houve um crescimento de 6%). Mas também do lado dos turistas não residentes registou-se uma quebra e, de acordo com o INE, “os mercados externos (peso de 69% em fevereiro) apresentaram um ligeiro decréscimo (menos 0,2% face à subida de 3,9% em janeiro) e corresponderam a 2,3 milhões de dormidas”.

Só nos dois primeiros meses, o organismo contabilizou “um aumento de 1,6% nas dormidas totais, resultante de variações de mais 1,3% nos residentes e mais 1,7% nos não residentes”.

Mercado americano dispara

Quanto aos turistas estrangeiros, o INE diz que os 16 principais mercados emissores representaram 85,3% das dormidas de não residentes nos estabelecimentos de alojamento turístico em fevereiro. Nos primeiros dois meses do ano, Portugal recebeu perto de 73 mil turistas norte-americanos, mais 25% do que em igual período do ano passado. Também a Irlanda se destacou neste período ao atingir os 21,7 mil irlandeses, uma subida homóloga de 24%, assim como a China ao apresentar um crescimento de 14,5%.

Já o mercado britânico, apesar dos alertas que têm sido feitos pelos operadores turísticos devido ao Brexit, cresceu 7% neste período, totalizando 167 mil turistas e mantendo-se como o segundo principal mercado, atrás de Espanha.

Em sentido contrário, os mercados francês, alemão e holandês estão a cair, enquanto o brasileiro ficou estagnado. As dormidas de hóspedes alemães (13,1% do total) apresentaram um decréscimo de 11,8% em fevereiro, sendo que, desde o início do ano, recuou 7%. O contributo dos turistas espanhóis (8,8% do total) caiu 4,5% em fevereiro, enquanto que nos hospedes de França verificou-se uma ligeira redução (menos 0,6% e menos 2,8% em termos acumulados).

Também o mercado brasileiro apresentou um decréscimo de 10,2% nas dormidas em fevereiro e, desde o início do ano, este mercado recuou 1,2%.

Açores e Algarve dominam subidas

As diferentes regiões do país não registaram o mesmo comportamento na evolução das dormidas, com a Região Autónoma dos Açores e o Algarve a se destacarem com crescimentos de 2,1% e 1,2%, respetivamente. 

Em sentido contrário, o Centro e a Região Autónoma da Madeira apresentaram as maiores reduções (menos 4,5% e menos 3,9%, respetivamente).

Nos dois primeiros meses, o destaque vai para os crescimentos de 7,9% no Alentejo (região com um peso de 3,7% nas dormidas totais acumuladas) e de 4,1% no Norte (15,9% no mesmo período).

As dormidas de residentes registaram uma subida nos Açores (+9,5%), na Madeira (+7,7%) e no Alentejo (+7,6%) e, pelo contrário, houve uma redução mais acentuada no Centro (menos 9,5%).

Desde o início do ano, destacam-se as subidas apresentadas pelo Alentejo (+14,2%) e Açores (+12,4%).
No que se refere aos turistas estrangeiros, em fevereiro salienta-se o crescimento no Centro (7,1%), além das subidas no Norte (2,9%) e Algarve (2,4%), enquanto no Alentejo há um decréscimo de 14,1%.

A taxa de ocupação nos estabelecimentos turísticos (33,5%) recuou 1,5 pontos percentuais (+0,1 p.p. em janeiro), tendo a Madeira 53,9% e Lisboa 43,2%, apesar dos decréscimos de 4,7 p.p. e 2,6 p.p., respetivamente.