Votos para 2013

No plano nacional, faço três votos para 2013: que haja estabilidade na coligação de Governo; que regresse o consenso com o Partido Socialista nas grandes questões nacionais; que a economia inverta a tendência e comece a recuperar. Se isso acontecer, poderá voltar mais justiça.

pr junto com oposição

a promulgação do orçamento pelo presidente da república é compreensível, prudente e equilibrada. o facto de não ter pedido a fiscalização preventiva mostra que foi sensível ao argumento da importância de termos um novo orçamento, em plena eficácia, logo a partir do início de ano. mas, ao pedir a ficalização sucessiva – que ps, pcp e be já tinham antecipado –, o presidente identificou-se com toda a oposição.

os riscos do orçamento

o grande risco do orçamento de 2013 é não conseguir a receita prevista. mas maior risco ainda, para a execução orçamental, é haver factores exógenos que perturbem o rumo traçado para a economia portuguesa.

a esse propósito, o perigo maior é o de acontecer o que tenho por inconcebível: que angela merkel faça esperar a união europeia até às eleições alemãs. julgo que é suficientemente inteligente para não o fazer. os povos costumam premiar quem não governa para eleições. nem sempre, mas quase…

deve ter sido em conta, também, que barack obama já não tem mais eleições para disputar e, por isso, os esforços para sanear verdadeiramente a economia norte-americana, também sufocada por uma dívida monstruosa, podem ser mais genuínos e intensos. na prática, todos sabemos que a crise de 2008, tendo começado nos eua, tem-se arrastado mais pelo continente europeu. algo continua por fazer no nosso aliado do outro lado do atlântico.

rtp está difícil

a privatização da rtp está a ser um processo cada vez mais difícil. e só avançará se houver estabilidade e entendimento no governo.

a igreja e a política

os membros da igreja, concretamente os bispos, são naturalmente livres de fazer considerações políticas explícitas. mas sabem, também, que assumem as responsabilidades daí decorrentes. nomeadamente, a de se sujeitarem ao juízo dos outros cidadãos, sejam crentes ou não.

espera-se dos altos dignitários da igreja católica que demonstrem sempre, nas suas intervenções, mais sensatez, mais respeito pelo próximo, mais equilíbrio, mais sensibilidade do que o comum dos indivíduos. espera-se uma linguagem, um encadear de palavras, uma formulação de significados com elegância e distinção. mesmo quando queiram ser severos e censurar opções, atitudes, decisões, rumos da responsabilidade do poder temporal.

são indesejáveis intervenções que pretendam chegar à sociedade e que sejam dificilmente decifráveis, com o conteúdo obnibulado por metáforas ou por vocábulos distantes do léxico mais comum. espera-se dos pastores da igreja que se façam entender. mas que nunca falem de um modo que só pode ser utilizado por quem não tenha esse estatuto abençoado.

sporting e eleições

parece-me inevitável que algo aconteça na liderança do sporting. e eleições, sendo algo de indesejável, é, também, algo cada vez mais provável.

a solução para o sporting tem de ser, obviamente, global. no clube, na sad, na gestão financeira, na gestão desportiva, na formação, na equipa principal, nos técnicos, nos jogadores, na organização estatutária, nos corredores, na relação com a banca.

há um ponto que é nítido: não vale a pena tentar, outra vez, soluções em que se juntem todos os que querem mandar.

até junho de 2011, eu ia a quase todos os jogos em alvalade. desde as eleições, nunca mais fui. sabem os meus filhos e os meus amigos que, quando vi a composição da lista vencedora (com godinho lopes, carlos barbosa, paulo pereira cristóvão, luís duque, carlos freitas e outros), disse: «vão desentender-se todos… não vai correr nada bem. dura um ano, se tanto». não o disse por esta ou por aquela pessoa, mas pelo conjunto. preferi ver de longe todo este descalabro, sempre à espera que termine.

quem será o campeão?

campeão nacional não será quem eu queria. a partir daí, venha o melhor e ganhe. campeão europeu, gostava que fosse o real madrid.

sei que não me lêem retroactivamente. mas quem acompanha os meus artigos, confira o que escrevi na véspera de mourinho deixar casillas no banco. a ‘paz podre’ não podia continuar. como aqui anotei há poucos dias, a coesão dos seus comandados tem sido sempre umas principais ‘armas’ de josé mourinho.