‘Huawei está a trabalhar de forma normal em Portugal’

A polémica tem causado o pânico entre os utilizadores da marca chinesa. Mas a Huawei promete continuar a atualizar aplicações de segurança, garantindo os melhores serviços.

‘Huawei está a trabalhar de forma normal em Portugal’

«A Huawei está a trabalhar de forma normal em Portugal». A garantia foi dada ao SOL pela própria Huawei no âmbito da polémica que começou no passado dia 15, com os EUA a apertarem o cerco à marca chinesa, acusando-a de roubo de propriedade intelectual e espionagem, considerando ainda a Huawei um risco para a segurança nacional.

«A nossa prioridade sempre foi e continuará a ser fornecer o melhor serviço possível aos nossos clientes», avançou ainda Huawei, garantindo que tanto os smartphones como os tablets vão continuar a funcionar normalmente e que «a Huawei continuará a disponibilizar atualizações de segurança e serviços pós-venda para todos os smartphones e tablets Huawei e Honor, tanto os que já foram vendidos, como os que se encontram em stock».

Recorde-se que desde que esta ‘guerra’ começou, gigantes como a Google e a Panasonic anunciaram não trabalhar mais com a marca. E se o caso já trouxe algumas consequências, por cá parece que não há motivo para alarme. Pelo menos para já.

Quem o garante é a associação de Defesa do Consumidor, Deco Proteste. «Estamos a trabalhar com as outras organizações europeias de defesa do consumidor para que a situação entre a Google e a Huawei não tenha impacto negativo para o consumidor», avança a associação em comunicado. A Deco garante ainda que, uma vez que o caso já sofreu evoluções – os EUA suspenderam por 90 dias a aplicação de sanções à Huawei – os consumidores devem aguardar «por mais desenvolvimentos antes de tomarem qualquer decisão em relação aos seus aparelhos Huawei», devendo ainda os consumidores atuais «evitar alarmismos».

Por sua vez, a Huawei promete: «Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável, a fim de fornecer a melhor experiência para todos os utilizadores globalmente».

‘Alegações não fundamentadas’

«Nos últimos dias, restrições, baseadas em alegações não fundamentadas, foram impostas à Huawei com o objetivo de perturbar as nossas operações comerciais. Acreditamos que esse comportamento é totalmente injustificado», acusou na passada quinta-feira o chairman da Huawei, Ken Hu, à margem da Conferência Postdam sobre segurança cibernética, que se realizou na Alemanha, num discurso a que o SOL teve acesso.

O responsável considera ainda que a decisão estabelece «um precedente perigoso», uma vez que «vai contra os princípios da comunidade empresarial internacional, interrompe a cadeia de abastecimento global e distorce a concorrência do mercado».

Líder de vendas em Portugal

Nos primeiros três meses deste ano, a quota de mercado da Huawei em Portugal foi de 30%, fazendo com que a marca seja atualmente a líder de vendas em Portugal, disse ao SOL Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC Portugal.

Já a nível global, a Huawei está em segundo lugar, com 14% da quota do mercado. Atrás está a Apple com 9% e, em primeiro lugar a grande rival Samsung com 19% da quota do mercado global. Segundo Gabriel Coimbra, a marca coreana poderá ganhar terreno com esta ‘guerra’ e consolidar a sua liderança. «A guerra económica entre os EUA e a China terá um impacto negativo significativo nas vendas da Huawei fora da China, principalmente nos EUA e na Europa».

Também Ken Hu avança que a marca chinesa tem uma grande presença no mercado. «Na Europa, aproximadamente três quartos dos utilizadores de smarphones utilizam um telefone baseado no sistema Android. A Huawei representa cerca de 20% desse mercado», disse, na Alemanha. «Como tal, decisões imprudentes como esta podem causar danos elevados aos consumidores e empresas na Europa».

Trump falou pela primeira vez

À margem desta ‘guerra’, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou pela primeira vez sobre o assunto, classificando a marca chinesa como «muito perigosa». «Olhe-se para o que eles fizeram do ponto de vista da segurança: de um ponto de vista militar, é muito perigoso», disse o Presidente norte-americano. «Por isso, é muito possível que a Huawei possa até ser incluída em algum tipo de acordo comercial. Se fizéssemos um acordo, eu conseguia imaginar a Huawei a ser possivelmente incluída em algum tipo, ou alguma parte, de um acordo comercial», reforçou Donald Trump.