Sanchéz avança com investidura

As eleições foram a 28 de abril. mas Sanchéz não conseguiu formar maioria absoluta no congresso.

Pedro Sanchéz, primeiro-ministro espanhol em funções, vai arriscar a investidura no Congresso dos Deputados, mesmo sem ter maioria para formar Governo, optando por ir a votos no dia 23 de julho. O anúncio foi feito ontem pela presidente da câmara baixa, Meritxell Batet. 

Embora os socialistas tenham ganho com uma maioria confortável nas eleições a 28 de abril, o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) não conseguiu formar uma maioria absoluta no Congresso dos Deputados para assumir a liderança do Governo. 

Sanchéz necessita do apoio de pelo menos 176 parlamentares – a maioria absoluta – em 350. O candidato do PSOE desdobrou-se em conversações com os outros partidos, mas só o Unidos Podemos, formação encabeçada por Pablo Iglesias, é que lhe esticou a mão. No passado dia 10 de junho, os dois líderes fizeram um acordo de princípio para um “governo de cooperação”.

Uma fórmula que nunca foi bem explicada pelos dois líderes, sabendo-se apenas que Iglesias insiste em ter pastas no Executivo, algo que Sanchéz parece querer evitar ao máximo. Ainda assim, esta coligação não teria aprovação automática no Congresso porque as duas formações juntas ficariam um pouco aquém da maioria absoluta com 165 deputados (123 do PSOE e 42 do Unidas Podemos). 

 O líder do PSOE prefere, assim, voltar a negociar com os restantes grupos parlamentares, à exceção do partido de extrema direita, Vox, e dos nacionalistas bascos, o partido Euskal Herria Bildu. 

A missão de Sanchéz agora é tentar convencer o Ciudadanos e o Partido Popular no debate de dia 22 de julho, antes da votação para a investidura, a aceitarem um Governo minoritário liderado por si. Caso não consiga, o país terá de voltar a ir a eleições. “Não contemplámos a repetição de eleições”, disse Batet. A presidente da câmara baixa disse ainda que o PSOE tem o “objetivo claro de que a investidura prossiga e que não se ocorra apenas um debate”.

Como o PSOE não avisou o Unidas Podemos da intenção de avançar para uma investidura, Irene Montero, uma das porta-vozes da coligação, reclamou pelo Twitter que o anúncio dos socialistas era “uma falta de respeito institucional desnecessária” e que o PSOE estava mais interessado “numa investidura falhada do que num acordo de Governo”.